Colunistas

O desgoverno e a segurança pública

Neste final de semana já tivemos 20 homicídios dolosos no estado.

Isto é algo que ainda não havia ocorrido e imaginava eu que levaríamos cem anos ou mais para chegar a tal número. No início da semana um servidor do estado lotado na Brigada Militar foi estupidamente morto em confronto com um marginal foragido do sistema penitenciário. E o pior de tudo é que efetuava aquilo que não é atribuição de sua instituição, pois à paisana, quando deveria estar efetuando o policiamento ostensivo.

A atividade de captura de foragidos é atribuição da Polícia Judiciária que tem na Capital uma Delegacia Especializada para tal. Faziam ele e seu colega de trabalho que teve mais sorte, pois ainda vivo, a tal “inteligência policial”. Esta é uma maneira de denominar atividade que não faz parte da obrigação constitucional de tal instituição. Com isto há cada vez menos policiamento ostensivo nas ruas e os bandidos estão cada vez mais frouxos. Penso que responsável por sua morte seja aquele que o tinha sob comando e o tenha encaminhado a tal atividade.

Ainda durante a semana, em Sapiranga, no Vale dos Sinos, cerca de 22 horas, um bando invadiu um mercado no centro da cidade e fez o serviço, levando inclusive um caixa eletrônico do Banrisul. Por certo não havia policiamento ostensivo naquela cidade, na área central no referido horário.

Ontem pela manhã, entre Cristal e São Lourenço mais dois servidores do estado lotados na Brigada Militar perderam a vida num acidente rodoviário. Consta que o condutor do caminhão causador do acidente estaria alcoolizado.

Mas o que me preocupa é que os dois brigadianos faziam na rodovia naquele horário e local, pois viajavam a fim de buscar um bafômetro, já onde viviam e trabalhavam não havia um. Este é o desgoverno de dona Yeda e seu secretário “ghost”, bem ao gosto dela, pois nem mesmo é visto. Sei tratar-se de um general do Exército Brasileiro, mas de pijama faz muito tempo.

Se houvesse em cada cidade do estado um bafômetro, algo que não pode ser tão caro assim, estes dois servidores do estado estariam certamente agora com suas famílias gozando sua folga justa e merecida e não sendo sepultados.

Segurança pública é um dos serviços mais dispendiosos que existe e sem investimento não se pode prestar tal serviço em nível no mínimo satisfatório.

Faz cerca de quinze dias dona Yeda anunciou com grande estardalhaço que estaria contratando mais 3.000 mil brigadianos. Número que aos leigos pode impressionar, mas não a mim que militei na Polícia Judiciária por mais de trinta anos. O jornalista Políbio Braga, veiculou em seu site tal notícia igualmente com grande estardalhaço, dizendo que dona Yeda iria “inundar” Porto Alegre com brigadianos.

Pois tendo estado em Estrela, li no jornal O Informativo, no qual o senhor Políbio assina coluna e da qual reproduzo o seguinte trecho:

“Segurança total ainda este ano no RS. O governo estadual decidiu inundar Porto Alegre de brigadianos e carros policiais novos em 2009. Ninguém que clama por mais segurança pública sentira saudades do governo Britto. Ontem, conforme adiantou esta página, foi confirmada a substituição do Chefe de Polícia do RS, delegado Pedro Rodrigues.”

Na mesma edição de O Informativo, na página 17, trás o seguinte: “Quem recebera PMS – Capital- mil; Região Metropolitana – 540; Região Alto do Jacuí-40; região Central-170; Região Centro-Sul -80; Região Fronteira Noroeste – 40; Região Fronteira Oeste – 50; Região Litoral -50; Região Planalto – 170; Região Serra – 250; Região Sul -130; Região Vale do Caí – 40; Região Vale do Rio Pardo – 90; Região Vale do Rio dos Sinos – 290; Região das Missões -20.

Como se observa do que foi transcrito acima, tudo não passa de fogo de palha. Vou me restringir a região em que vivemos que é o litoral que receberá desde Santa Vitória do Palmar (fronteira com o Uruguai) até Torres (divisa com Santa Catarina) apenas 50 brigadianos. Penso que esse número nem mesmo venha preencher o vazio deixado nos últimos doze meses pelas aposentadorias de concedidas e justas. Isto equivale a uma gota d'água num oceano.

Necessário ainda ressaltar que dona Yeda vem fazendo muito barulho para poucos resultados nesta história de equilíbrio fiscal. O problema que o estado enfrenta, e outros estados da federação estão em situação semelhante, é o fato de que os inativos como eu que alcancei a aposentadoria por haver completado o tempo de serviço e os que foram aposentados em função de acidentes de trabalho, o que é muito comum na área de segurança pela natureza do serviço, que somos pagos com recursos oriundos da receita corrente, isto por que durante os trinta anos em que trabalhei sempre me foram descontados valores para a assistência de saúde e previdência (aposentadoria), valores que foram jogados no caixa único e sumiram, pois não sei nem como foram gastos e muito menos por que. A cada ano que passa mais servidores galgam a aposentadoria. E estes irão engrossar a lista dos que recebem direto da conta de receitas correntes. 

Vou citar um exemplo bem claro. Tenho um único irmão consangüíneo que reside em Curitiba. Ele é aposentado da Petrobrás, recebendo algo em torno dos dois mil reais por mês do INSS e o restante de seus vencimentos é pago pelo Petros, fundo de aposentadoria dos funcionários da Petrobrás que a exemplo do Previ dos funcionários do Banco do Brasil, penso sejam os dois maiores do país e mesmo da América do Sul. Este fundo de aposentadoria é tão sólido que faz algum tempo emprestou à Petrobrás a quantia de nove bilhões de reais.

 E dona Yeda o que fez com relação a este problema até o momento?

Acredito que nada, mas está passeando pelo nordeste por nossa conta. Sei que ela e seu chefe da defesa civil estão querendo comprar um jato presidencial cujo custo pode alcançar ate 26 milhões de dólares.

Se o legislativo aprovar projeto neste sentido, estará demonstrando irresponsabilidade nunca vista. Espero que os leitores deste espaço pensem muito bem no ano vindouro, pois teremos eleição para governador. Necessária uma séria reflexão, pois penso que dona Yeda esteja gostando de mandar e queira continuar. Em minha família ela não encontrará eco com sua tertúlia flácida para dormitar bovino. E na sua casa meu caro leitor?

Até a próxima se Deus assim o permitir.

Comentários

Comentários