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Quem disse que o Brasil não tem onda de nível internacional?

Snapper Rocks - Austrália

Itapuca, baía da Guanabara - Brasil

O Brasil possui uma costa litorânea de aprox. 8.000km de extensão, uma das maiores do mundo, banhada diretamente pelo Oceano Atlântico, o mesmo oceano que banha a costa oeste da África do Sul, onde se situa algumas das melhores e mais poderosas ondas do mundo. Pois bem, Muitos surfistas de todo o país e de fora também dizem que o Brasil não possui ondas de nível internacional, ondas “gringas” de qualidade.

Eu discordo. O primeiro passo é saber que uma boa parte do nosso litoral, principalmente no norte e nordeste do país é ainda inexplorada e pode esconder algumas jóias raras para os aventureiros de plantão dispostos a ir a busca.

No nordeste também temos algumas ondas em fundo de coral, (algumas ondas catalogadas) como por exemplo a praia do Forte na Bahia. Todos os surfistas sabem que fundos de corais são melhores pois não se alteram constantemente, e a ondulação quando entra juntamente com a combinação de outros fatores como maré e vento vai sempre quebrar ali naquela bancada perfeita.

Mas aqui também existem ondas internacionais que não precisam quebrar em fundos de coral para necessariamente serem perfeitas. No Brasil temos ondas “gringas” sim! Principalmente em condição de point breaks. Vou me referir aqui a ondas de alta perfomance, deixando de lado ondas em beach breaks e as ondas pesadas e perfeitas que temos por aqui também, como por exemplo, Ilha dos Lobos (RS), Laje de Jaguaruna (SC) e Shorebreak – Copacabana (RJ).

Dentro deste perímetro de costa , banhada pelo grande Oceano Atlântico, é impossível que não tenha ondas de qualidades, capaz até de fazer frente com algumas ondas internacionais. Dentro de nossa imensa costa, temos inúmeros recortes na topografia das praias, muitos costões, muitas baías, muitas enseadas… isso tudo favorece o aparecimento de boas ondas. Mas o que realmente difere o Brasil de outras localidades em termos de ondas, como por exemplo Hawaii, Austrália, Indonésia e etc. é a constância e a proporção dos swells que os atinge, estes mesmos que aqui não bombam constantemente pois o Oceano Atlântico é mais calmo do que os Oceanos Pacífico e Índico respectivamente.

Essa é a principal diferença, digamos que a primordial. Outra diferença que vale destaque é que esses locais são ilhas oceânicas, até mesmo a Austrália, podemos considerar como uma imensa ilha oceânica pois é banhada por todos os lados. Isso também favorece a entrada de swells por diferentes direções. Outro fator a se considerar é que o principal swell que atinge a costa brasileira, o mais constante não é o swell que atinge nosso litoral de frente. Nosso litoral, num geral está todo virado para o lado leste e o nosso principal swell é o do quadrante sul, isso faz com que muitos picos ao longo de todo nosso litoral fique adormecido por longos períodos de tempo, precisando de boas ressacas para poderem funcionar.

Pois é, agora está diagnosticado estudado os porquês, então imaginem se picos aqui do Brasil como Matinhos (PR) Paralelas (PR), direitas de Guaratuba (PR), Itapuca (RJ), Campeche (SC), Lambe-lambe (SC) entre outros picos de point breaks no Brasil quebrassem constantemente assim como os picos da “gringa”? Com certeza já teríamos um campeão mundial de surfe e o Brasil seria uma grande potência no esporte! Ondas gringas de altas perfomance nós temos sim, o que falta é swell bombando! Da mais uma olhadinha na foto acima, só que também não acorde amanhã achando que o mar subiu e que aquele pico “X” pode estar bombando, que você tem grandes chances de chegar no pico e encontrar o mar colado. Hahahha – Brasil é isso, ondas nós temos, nos falta é swell!

HUGO CASTRO  http://nossomundoeosurf.blogspot.com/

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