Coisas da política
Na madrugada deste domingo assisti na TV Assembléia reprise do programa Democracia, apresentado por Milton Cardoso. Havia alguns convidados dentre os quais um jovem advogado, o ex-deputado José Gomes e o Juiz da Vara de Execuções Penais, Sidinei Brzuska. O tema do programa era a situação do sistema carcerário em nosso estado que se acha em situação tal que os magistrados condenam e mandam os condenados aguardarem em suas residências a existência de vagas compatíveis com a dignidade humana.
Durante o desenrolar do programa foram trazidos alguns dados que realmente são estarrecedores, como por exemplo, a verba orçamentária para manutenção de presídios que este ano é 436 mil reais e até o final de março, nem um centavo havia sido gasto. Já para publicidade da área de segurança há verba de pouco mais de 800 mil, da qual mais de 600 mil já haviam sido gastos. Lembro agora que ao início do ano vi nas emissoras locais de televisão alguns rápidos comerciais da Brigada Militar. Qual a razão para tal tipo de publicidade?
Já na Estrada do Mar há um outdoor com publicidade em que é afirmado que a Corsan dispõe de um bilhão e 200 milhões para investir neste ano. Sei que tal afirmação não condiz com a realidade. Qual a necessidade de publicidade quando sabemos todos nós das dificuldades por que passa o erário. Na Estrada do Mar há uma profusão de outdoors divulgando o governo do estado. Sabemos que não sobram recursos, pelo contrário, não há dinheiro para o essencial, então qual a razão para a difusão desses comerciais onerosos?
Lembro que as dificuldades por que passa o estado não são exclusivas deste governo já que vem de longa data. Na saúde é uma desgraça. O secretário da saúde que já vem do governo Rigotto, penso tenha ficado no cargo por sua especialidade que é a de cortar investimentos. Exemplo é o contingenciamento, na administração anterior, de cerca de 1,2 bilhões ao ano na saúde nos três primeiros anos, pois no último foi de apenas 900 milhões.
Sabemos todos que o estado anda numa penúria danada, mas para gastar mais de 100 mil reais na locação de um jatinho para fazer proselitismo político, como ocorreu em fevereiro em que a governadora andou até mesmo no Piauí “vendendo” sua competência de gestão ao governador daquele estado que teve seu mandato cassado alguns dias depois.
Para isto há dinheiro. São essas atitudes que desagradam aos mais lúcidos, pois atitudes incoerentes. Há ainda os salários absurdos pagos para alguns privilegiados que na Assembléia somam duas dúzias ou mais. Há necessidade de limitar estes salários ao teto do estado que é o mesmo da governadora que é de 22 mil reais mensais.
Na noite deste domingo assisti o deputado Luciano Azevedo do PPS, a quem não conhecia e me causou boa impressão, pois jovem e muito seguro, tendo enfrentado a “latinha” e as câmeras como se veterano fosse. O deputado abordou assunto que preocupa, não por ilegal, mas por absolutamente imoral que é a aposentadoria paga a ex-governadores que é o mesmo salário pago quando do exercício do mandato. E aí fiquei imaginando, por exemplo, o senhor Brito, embolsando essa “graninha” extra e saída do bolso dos trouxas dos contribuintes. Eu disse graninha, pois ele deve ganhar de uma dessas companhias de telefonia na qual é diretor e para a qual vendeu o sistema de telefonia do estado, um salário de fazer inveja.
E neste caso temos imoralidade multiplicada por dois, ou não?
Faz poucos dias aqui foi veiculado artigo de minha lavra com o título “Carta aberta à Governadora Yeda Crusius” no qual questionava a mesma sobre a situação do desconto que me feito no contracheque ao final do mês para o Fundo de Previdência que nunca foi criado, razão pela qual a folha dos inativos que não é pouca coisa, sai das receitas correntes. Lembro que tal problema é de responsabilidade de todos os antecessores de dona Yeda, os quais simplesmente empurram com a barriga e agora a sociedade gaúcha vai pagar, como sempre.
Ao encerrar não posso esquecer o “desaparecido” Mendes que é o como o Prévidi trata o afilhado do senhor Chico Fraga que hoje está colocando no bolso ao final de cada mês 22 mil reais como magistrado de calças curtas, pois nem mesmo formação jurídica tem. Felizmente o TJ/RS encaminhou à Assembléia projeto visando à extinção dessa excrescência.
Mesmo assim precisamos ficar atentos enquanto pagadores de tributos, pois um dos coroneizinhos que lá habitam já disse à ZH que fará pressão junto a Assembléia por entender que tal extinção impediria o controle disciplinar naquela instituição. A ser verdadeira tal afirmação, deve haver por lá uma disciplina tal como a da Legião Estrangeira ainda mantida pelo governo francês. Meu coroné nós vivemos numa democracia, estamos no terceiro milênio e os brigadianos todos têm o segundo grau, por favor.
Até a próxima se Deus assim o permitir.