União Européia mantém financiamento no Mercosul
O representante da União Européia no Brasil, Angel Landabaso, garantiu que, apesar da crise econômica mundial, é do interesse do bloco permanecer financiando projetos de ciência e tecnologia e de biotecnologia na área do Mercosul, por meio da Plataforma Biotecsur, que é uma plataforma de biotecnologias, que vincula os setores privado, acadêmico e público de quatro países do Mercosul: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
“Nós estamos convencidos de que a médio e longo prazos temos que trabalhar compartilhando conhecimentos” afirmou Landabaso, para explicar porque, em um período de crise mundial, a União Européia garante o financiamento de projetos como o da Plataforma Biotecsur. “Vocês estão transformando euros em conhecimento e nós estamos convencidos de que esse conhecimento será transformado em euros”, explicou.
O objetivo da Plataforma Biotecsur é desenvolver ações focadas em temas prioritários de biotecnologia para a região que engloba os quatro países do Mercosul. A plataforma surgiu em 2005, a partir de uma cooperação entre a União Européia e o Mercosul. Em 2008 foi firmado um acordo entre os blocos para um financiamento de três milhões de euros, divididos entre cinco projetos selecionados pela Comissão de Apoio ao Desenvolvimento de Biotecnologias (CADB). Por enquanto, não há uma periodicidade fixa para o projeto, mas espera-se uma nova convocatória de propostas em 2010.
Os projetos foram selecionados entre 12 inscritos. Entre os critérios de elegibilidade estava a participação de instituições de pelo menos três países do Mercosul (um deles, obrigatoriamente, o Paraguai) e reunir investimento público e o setor industrial. Os projetos receberam a primeira parcela do pagamento no final de 2008 e os envolvidos têm um prazo de dois anos para desenvolver seus objetivos.
A relação da União Européia com o Mercosul é a única birregional do bloco europeu. Para Luiz Antonio Barreto de Castro, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, o futuro das pesquisas se dará “pela integração entre grupos, o esforço multifuncional é responsável pela melhor e maior qualidade da ciência no mundo hoje”, afirmou, citando dados da revista Science, de novembro de 2008.
Os fundos concedidos vão facilitar o desenvolvimento de biotecnologias para as cadeias de produção avícola, florestal, de carne bovina e cultivo de oleaginosas. Na categoria aviária o projeto selecionado visa fortalecer o status sanitário avícola da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai (com a participação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Na categoria carne bovina, foram selecionadas as pesquisas sobre o uso de ferramentas biotecnológicas para o desenvolvimento e controle de vacinas contra o vírus da febre aftosa (participação da Universidade Federal do Rio de Janeiro), e sobre estratégias biotecnológicas para o controle de doenças bacterianas, virais e por protozoários intracelulares no gado bovino do Mercosul (participação do Centro de Biotecnologia da Universidade Nacional de Pelotas).
Na categoria cadeia florestal foi selecionada pesquisa que visa investigar a base genética da formação da madeira para fins industriais e produção de energia do cultivo de eucaliptos (com participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa). Na categoria de cadeia oleaginosa foi selecionada uma pesquisa sobre aproximação genômica no Mercosul para a prospecção de genes úteis ao melhoramento da soja frente ao estresse biótico e abiótico (com participação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Embrapa Soja).