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Alucinação

Este  texto foi feito para o meu pai , o velho Napoleão Machado, que partiu da vida num fim de tarde, de um mês de julho, fumando um cigarro e deixando cheio e intocavel um copo de caipirinha, daquelas que só ele sabia fazer….!

Foi de repente…… Legou como, única, herança uma saudade imensa no coração dos seus filhos e de seus amigos.

A mim, então, deixou uma cicatriz profunda no meu coração e lições enormes de bondade, de amizade, de simplicidade, de humildade e acima de tudo de aceitação da felicidade e da tristeza, como as duas faces de uma mesma moeda…..!

Me deixou, também, muitos ensinamentos   transmitidos em longos silêncios…..!

Com estas palavras e este poema homenageio a todos os pais e especialmente aqueles que no dizer de José Hernandes são : “ Un padre que da consejos, mas de que um padre és un amigo……..”

ALUCINAÇÃO

Às vezes,

Fico a olhar velhas cabeças

Que de tão brancas me parecem alvas.

Que se perdem,

Pelas ruas,

Entre as pessoas……!

Me invade, então,

Uma ilusão e um sonho:

Louca ilusão, acalantado sonho….

Como loucas são todas as ilusões

E como, acalantados, os sonhos todos.

de que uma destas cabeças

Que por tão brancas me parecem alvas

Se volte para mim,

E que sejas tu, velho paisano,

E que num sorriso, mesmo que fugaz…….

E que numa palavra mesmo, que única…….

Me respondas, finalmente,

Por que partistes assim, tão de repente,

Sem me dar a tua benção, derradeira,

E sem, ao menos, me apertar as mãos.!!!

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