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Lula pede a Obama “um olhar de parceria” para a América Latina

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje (14), na embaixada do Brasil em Washington, que pediu ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante encontro na Casa Branca, um “olhar de parceria” para com os vizinhos do Sul.

Ele destacou que a América Latina vive “um momento único” em termos de experiência com a democracia e de desenvolvimento econômico. Lula anunciou ainda que vai propor, na próxima reunião da Unasul, a criação de um conselho para tratar do tráfico de drogas. “Não podemos mais ser dependentes das ações dos outros”, disse, referindo-se ao aporte dado pelos Estados Unidos à Colômbia.

Logo apó o almoço, Lula conversou com jornalistas latino-americanos, na Embaixada do  Brasil em Washington, e confirmou que durante reunião com Obama os temas do continente foram tratados de maneira geral, sem entrar nas especificidades de cada país.

Lula apontou a questão do meio ambiente, clima e biocombustível como sendo o ponto que mais deve trazer benefícios ao Brasil e aos Estados Unidos.

Pela manhã, na Casa Branca, os dois chefes de governo deixaram claro que o caminho a ser perseguido é longo. “Foi o primeiro encontro entre nós”, disse Lula. “Mas estou certo de que é um processo”, afirmou, referindo-se à taxação à qual é submetido o etanol brasileiro ao entrar nos Estados Unidos.

Para Obama, “o Brasil mostra extraordinária liderança no setor de biocombustíveis, mas as coisas não vão mudar do dia para a noite”. O presidente norte-americado afirmou já ter tido um carro flex, mas que desistiu por causa da falta de postos com o combustível nos Estados Unidos. “Isso vai mudar com o tempo também.” 

Ao término do encontro com os jornalistas à tarde, Lula disse crer que “muitas das respostas às perguntas feitas hoje vão surgir com negociação e contato, na medida em que a relação com o novo governo norte-americano se aprofunde.”

Durante a reunião na Casa Branca, Obama propôs e Lula aceitou que os dois países criem um grupo de trabalho para discutir as idéias de cada lado antes de levá-las ao encontro do G20 em Londres, no dia 2 de abril. Ambos mostraram-se de acordo com a idéia de fazer da reunião um fórum de decisões sobre maneiras de se superar o grave momento pelo qual passa a economia internacional.

“Divergências são próprias da democracia”, disse o presidente Lula. “São temas delicados, mas a oportunidade é extraordinária para provarmos que somos capazes de lidar com os grandes problemas. O que precisamos, no fundo, é gerar emprego, renda, consumo e desenvolvimento. Estou otimista. Não há saída individual. Elas precisam ser conjuntas.”

Já Barack Obama, na entrevista coletiva após a reunião, reclamou dos jornalistas americanos ao perguntar “de onde havia saído, já que não ouviram nem de mim nem de meus assessores” que haja divergências sérias entre as posições norte-americanas e as européias sobre os temas a tratar e as soluções a apresentar em Londres. 

Lula repetiu sua preocupação com a falta de crédito para o comércio. Este foi um dos principais fatores a afetar o Produto Interno do Bruto (PIB) do Brasil no último trimestre do ano passado. A queda, brusca, foi de 3,6%. “É preciso injetar dinheiro novo no mercado” declarou o presidente, que repetiu o tom otimista de outras ocasiões, sem deixar de fazer o alerta. “O Brasil foi o último país a entrar na crise e pode ser o primeiro a sair dela. Não temos problemas no setor financeiro, mas falta crédito, principalmente para as exportações. Se o crédito não voltar a fluir, então a crise pode ser aprofundar.”

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