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Vaticano critica excomunhão de médicos no caso do aborto

O presidente da Academia Pontifícia para a Vida em Roma, Monsenhor Rino Fisichella, condenou a excomunhão dos médicos que fizeram o aborto na menina de 9 anos, estuprada pelo padrasto no interior de Pernambuco. Segundo ele, o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, foi apressado e deveria ter se preocupado primeiro com a menina.

“São outros que merecem a excomunhão e nosso perdão, não os que lhe permitiram viver e a ajudarão a recuperar a esperança e a confiança, apesar da presença do mal e da maldade de muitos”, escreveu em artigo publicado pelo jornal da Santa Sé, o Osservatore Romano, segundo a BBC Brasil.

Monsenhor Fisichella é considerado um dos mais próximos colaboradores do papa Bento XVI e a maior autoridade do Vaticano em bioética.

“O caso ganhou as páginas dos jornais somente porque o arcebispo de Olinda e Recife se apressou em declarar a excomunhão para os médicos que a ajudaram a interromper a gravidez. Uma história de violência que, infelizmente, teria passado despercebida se não fosse pelo alvoroço e pelas reações provocadas pelo gesto do bispo.”

Monsenhor Fisichella disse ainda que a excomunhão atinge a credibilidade da Igreja Católica.

“Era mais urgente salvaguardar a vida inocente e trazê-la para um nível de humanidade, coisa em que nós, homens de igreja, devemos ser mestres. Assim não foi e infelizmente a credibilidade de nosso ensinamento está em risco, pois parece insensível e sem misericórdia”, escreveu.

Ele ainda justificou a atitude dos médicos que, em sua opinião, merecem respeito profissional.

“Como agir nesses casos? É uma decisão difícil para os médicos e para a própria lei moral. Não é possível dar parecer negativo sem considerar que a escolha de salvar uma vida, sabendo que se coloca em risco uma outra, nunca é fácil. Ninguém chega a uma decisão dessas facilmente, é injusto e ofensivo somente pensar nisso.”

De acordo com o presidente da Academia Pontifícia para a Vida, o aborto não espontâneo sempre foi e continua sendo condenado com a excomunhão, que é automática. “Não era, portanto, necessária tanta urgência em dar publicidade e declarar um fato que se atua de forma automática, mas sim um gesto de misericórdia.”

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