Aumento de tributos sobre o cigarro pode afastar adolescentes do vício, diz especialista
O aumento dos tributos sobre o cigarro pode afastar os adolescentes do fumo. A avaliação é da diretora do departamento de Psiquiatria e Psicologia do Hospital A.C. Camargo, Célia da Cosa.
Ela acredita que, como esse público dispõe de menos dinheiro, a medida anunciada ontem (30) pelo governo pode afetá-lo mais diretamente. “[O aumento na tributação] pode ser uma medida que afaste a garotada do cigarro”, afirmou.
Para a médica, a medida é interessante para desestimular os novos fumantes. Estudo feito pelo Ministério da Saúde, em 15 capitais, nos anos de 2002 e 2003, apontou que cerca de 70% dos fumantes adquiriram o hábito entre 15 e 19 anos.
Já fumantes mais velhos, com o vício mais arraigado, têm maior propensão a desviar o dinheiro reservado para outras finalidades e usá-lo para consumir a mesma quantidade de cigarros a que estão habituados, na avaliação da especialista. “Um dos pontos negativos [do aumento da tributação] é que o fumante mais antigo pode tirar a renda familiar de outros produtos para o cigarro”, observou Célia.
Ela lembrou que que o impacto da medida depende também do preço inicial do cigarro. Segundo a médica, o preço do cigarro no Brasil ainda é muito baixo, se comparado a outros países. Nos Estados Unidos, um maço pode custar o equivalente a R$ 11,50, na Inglaterra, o preço chega a R$ 19 e no Brasil, fica em torno de R$3.
Célia ressaltou que, no entanto, somente o aumento dos preços dificilmente seria eficaz para desestimular o consumo, se aplicado de maneira isolada. Para ela, outras ações, como campanhas de prevenção e apoio médico aos que quiserem largar o vício, são fundamentais.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o tabagismo cause, aproximadamente, 200 mil mortes por ano no Brasil.