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Tairone

Sou admirador do boxe, pois é um esporte de superação, em todos os sentidos. A maioria dos grandes boxeadores Brasil e  do mundo, começaram superando uma infância pobre, com todas as dificuldades dela decorrentes em termos de más companhias, fumo, álcool, drogas, evasão escolar e saúde publica precária.

Aqueles que, cedo, despertaram para o dom  tiveram que nocautear as dificuldades para,  como promessas, encontrarem um bom treinador, uma academia onde treinar, um patrocinador, um médico, um empresário que agencie as suas primeiras lutas para ganharem algum dinheiro e melhorarem a vidas dos pais.

Muitos não têm pais e procuram minorar as dificuldades das mães que os criaram comendo o pão que o diabo amassou. Não existe apoio governamental para estes jovens.

O Tairone, de Osório, tinha pai e mãe, mas no resto não era diferente da maioria dos boxeadores. Após nocautear as dificuldades comuns a todos, tornou-se um exemplo para os demais jovens de sua cidade, estava treinando no Centro de Educação Física da Marinha, no Rio de Janeiro e em 23 lutas venceu 20, por nocaute. Teve três derrotas que serviram para dar-lhe experiência e aumentar sua capacidade de superação.

Sagrou-se Campeão de um torneio de verão,  no Chile, precisando de apenas 13 segundos para nocautear Daniel Parra o favorito do combate. Já era um boxeador vencedor, membro das seleções juvenis e adultas do Brasil e atual campeão nacional dos pesos médios, neste ano de 2011 seria consagrado em competições internacionais que o levariam a Olimpíada de Londres, em 2012, representando o seu pais e levando no coração o Rio Grande do Sul e sua pequena Osório.

Com certeza, depois da Olimpíada estaria qualificado para disputar, a nível mundial, o cinturão de sua categoria.

Todas estas possibilidades presentes e futuras foram destruídas por dois balaços de uma pistola  que encontrava-se na mão de um brigadiano.O motivo, ninguém sabe. Diz o autor do homicídio que teria sido ofendido pela vitima.

Mas que tipo de ofensa, que intensidade de ofensa, poderia levar alguém de mão armada disparar dois tiros um a distancia e outro a queima roupa em um jovem desarmado?

Com certeza o autor conhecia a vítima, sabia de condição de atleta, de bom guri, de ídolo em sua cidade e, mesmo assim, utilizou-se do meio extremo de tirar-lhe a vida.

Com dois balaços suplantou para sempre a possibilidade de sucesso esportivo de um jovem promissor. Com dois balaços deixou um pai e  uma mãe sem um filho e uma cidade sem um desportista que era referencia e exemplo para a juventude que necessita tanto, de referencias positivas.

Para a família este assassinato foi um acidente que nunca vai ser entendido. Para a sociedade de Osório, do Rio Grande do Sul e do Brasil, é uma oportunidade de realizar uma profunda reflexão  sobre o presente e o futuro que destina para nossos jovens.

Para as autoridades civis e militares do Estado é um desafio para qualificarem seus quadros, de maneira a que compreendam que suas missões é salvar o cidadão, dando-lhe segurança e não tirando-lhe a vida, ao apertar um gatilho.

Finalmente resta, para todos nós, a esperança de que se faça justiça e que esta justiça seja a mais completa possível, garantido ao acusado a mais ampla  defesa mas enquadrando-o  no normativo legal e tipificando, adequadamente, o crime cometido.

Se a Justiça for feita de maneira correta o autor responderá pelo crime, mas a sentença, por mais justa que seja, não trará de volta para o esporte, para família, para os amigos, a força e a obstinação do TAIRONE.

Lamentemos, então, pela partida tão repentina e tão sem sentido de um Jovem com um presente especial e com um futuro brilhante. Perde a família, perdem os amigos, perde o esporte, perde a cidade de Osório, perde o Rio Grande do Sul e perde o Brasil.

Toda esta perda porque um policial  da gloriosa brigada militar de nosso estado, tinha uma pistola P 40 e resolveu usá-la, puxando o gatilho,duas vezes, contra um Jovem desarmado.

Lamentemos!!! O que mais há para fazer-se a não ser lamentar?

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