Pesquisa mostra que professores usam apenas recursos mais simples do computador
Pesquisa realizada pela Fundação Victor Civita em 400 escolas de 13 capitais brasileiras mostra que os professores ainda dão preferência aos programas mais simples, quando utilizam o computador com seus alunos. Para a metade dos entrevistados, o software mais utilizado é o de edição de texto, seguido por programas de visualização de mapas (48%) e editores de apresentação.
Segundo o estudo, falta preparo aos docentes para inserir as novas tecnologias de forma eficiente dentro de sala de aula. “A atividade mais realizada pelo professor com seus alunos é editar, digitar e copiar conteúdos”, aponta a pesquisa.
Para o professor do Laboratório de Novas Tecnologias Aplicadas na Educação (Lantec) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Sérgio Amaral, o investimento feito pelos governos – federal, estaduais ou municipais – para equipar as escolas se tornam “uma estupidez” se não houver preparação dos professores para trabalhar com as tecnologias.
“Não adianta nada instrumentalizar. O computador já é uma realidade na escola, mas o problema fundamental é que o professor não utiliza o recurso como instrumento didático. É ínfimo o potencial que se está utilizando”, aponta o especialista.
Segundo Amaral, a falta de preparo vem da base, os próprios cursos de graduação não preparam os futuros educadores para a tarefa. E a maioria dos cursos oferecidos posteriormente, segundo ele, são “instrumentais”. “O que o professor precisa não é de um treinamento para dominar as tecnologias da informática. Mas para aprender como usar esses recursos, qual é a didática por trás”, defende.
Para Amaral, quando o recurso é mal utilizado acaba sendo apenas um gerador de despesas. “Um computador caro, vira um retroprojetor”. E essa subutilização tem impacto no aprendizado do aluno.
“A criança já tem contato com o mundo digital pelo celular, pelo videogame, nas lanhouses. É preciso criar a aproximação desses sujeitos [professor e aluno]. Caso contrário, o desinteresse e o distanciamento continuam sistêmicos”, diz.
O estudo aponta que apenas 28% das escolas contam com um professor orientador de informática. Segundo Ângela Danneman, diretora executiva da Fundação Victor Civita, responsável pela pesquisa, esse foi o modelo adotado pelos sistema educacional brasileiro para introduzir e administrar as tecnologias nas escolas.
“Onde esse professor está, o trabalho é melhor”, aponta Ângela. Mas ainda assim, em apenas 9% das escolas ele tem a função de formar outros professores. “O importante é garantir a formação de todos os professores, [o que vai] melhorar a utilização da tecnologia como ferramenta para a aprendizagem de todos os conteúdos”, indica.