EUA sugerem compensações a produtos brasileiros
Paralelamente, o governo do presidente Barack Obama envia, depois do carnaval, antes da secretária de Estado, Hillary Clinton, um emissário para organizar sua visita. A ideia é que a secretária venha ao Brasil em março para articular um acordo comercial. Depois, no segundo semestre, será a vez de Obama vir a Brasília.
Até a visita de Hllary, os negociadores norte-americanos tentam evitar as sanções aos seus produtos. Por enquanto não há propostas concretas, mas manifestações dos negociadores norte-americanos sinalizando a possibilidade de um esforço para não haver a retaliação a cerca de 222 artigos exportados para o Brasil. Uma das opções já apresentadas é de compensar alguns produtos brasileiros que são exportados para os Estados Unidos, mas não há detalhes.
A lista de itens que podem ser penalizados ainda está sendo elaborada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex). Os negociadores brasileiros, em contrapartida, insistem que não aceitarão opção alguma que prejudique o algodão brasileiro. A orientação dos ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, é de buscar um acordo antes da implementação das medidas – o que deve ocorrer em março.
Inicialmente, a Camex pretende fixar as sanções em um total de até US$ 560 milhões. A retaliação ocorrerá por meio de reajustes na tarifa de importação de até 100 pontos percentuais. Dessa forma, um produto norte-americano que paga 12% para entrar no país passaria a pagar 112%.
Ontem (10), Amorim disse que se a ameaça do governo dos Estados Unidos de impor uma contrarretaliação ao Brasil for concretizada, os norte-americanos estarão incorrendo em um erro. “Se um país fizer isso [contrarretaliação] estará à margem das negociações internacionais”, disse o chanceler. “Nosso objetivo não é criar problemas com os Estados Unidos ou qualquer outro país”, afirmou.
A iniciativa brasileira de impor sanções aos produtos norte-americanos tem o respaldo da Organização Mundial do Comércio (OMC). No ano passado, o organismo autorizou o Brasil a retaliar os Estados Unidos em até US$ 830 milhões. A decisão é motivada pelos subsídios concedidos pelo governo norte-americano aos produtores de algodão.