Câncer de colo de útero mata mais mulheres no Norte
As informações foram apresentadas hoje (30), durante o Simpósio Internacional de Pesquisa em HPV, na capital fluminense, pela gerente da Divisão de Apoio à Rede de Detecção Oncológica do Inca, Ana Ramalho. A médica lembrou que embora o câncer de útero seja o segundo em causa de morte, é facilmente identificado e pode ser tratado a tempo.
Enquanto no país 6,6% das mortes são causadas por câncer de colo, a proporção na Região Norte é de 15,7%. O risco de morrer por câncer de colo na Região Norte, ressalta a médica, que fez uma conta considerando a idade e a população de mulheres nas regiões, é 2,5 vezes maior que no Sudeste. No Sul, o câncer de colo é a sexta causa de morte por câncer.
De acordo com a gerente do Inca, a falta de acesso a serviços de saúde de qualidade, em razão das distâncias na região e das desigualdades econômicas, é um problema a ser enfrentado, junto com a ampliação do Programa Saúde da Família (PSF), cuja cobertura é inferior a 50% na região.
Por meio das equipes médicas que visitam as famílias, o PSF pode influenciar na realização dos exames preventivos, como o Papanicolau, que identificam lesões antes de elas virarem tumores que podem provocar o câncer. O Inca estima que 18.430 novos casos de câncer de útero serão identificados neste ano.
“O rastreamento [do câncer de colo de útero] é uma questão complexa do ponto de vista de logística. É preciso submeter todas as mulheres ao exame. Na população amazônica, na Região Norte, em geral, existe dificuldade de se chegar ao serviço de saúde”, avaliou, ao informar que o governo prepara uma série de estratégias para conseguir chegar a essas mulheres.
A meta do Ministério da Saúde é que 80% das mulheres em idade de risco (entre 25 e 59 anos) façam o exame preventivo. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o objetivo tem sido cumprido: em 2008, 87,1% das mulheres tinham feito o exame, sendo que apenas no Nordeste a taxa era inferior a 80%, de 78,1%.
Os especialistas, no entanto, questionam os dados ao avaliar que muitas mulheres não sabem o que é um preventivo e podem ter se enganado ao responder a pergunta do IBGE. De acordo com o vice-diretor de Ensino do Instituto Fernandes Figueira, Fabio Russomano, na pesquisa sobre o HPV, os dados mostram que são sempre as mulheres que fazem os exames.
“Precisamos chegar àquelas que não estão cobertas. Essa é uma doença de fácil detecção e tratamento, mas que tem o índice de mortalidade elevado, que tem se mostrado constante em países em desenvolvimento, porque não é detectada a tempo”, afirmou durante o simpósio.