Oh, “tio”, deixa que eu cuido…
Iniciava-se aí, não obstante a instalação de edifícios-garagem, uma nova praga no comércio informal: os flanelinhas!
Naqueles idos, na Rua Dr. Flores, entre as esquinas da Rua dos Andradas e da Avenida Salgado Filho, havia um desses guardadores que recebia em confiança as chaves dos veículos de seus “clientes” não apenas com o objetivo para deles zelar; no decorrer da jornada de trabalho daqueles proprietários, o zelador buscava vaga ainda mais privilegiada.
Não por acaso que, das áreas mais disputadas em Porto Alegre, o entorno da Praça da Matriz, sem dúvida alguma, era hors concours. De um lado, a Assembleia Legislativa; de outro, o Theatro São Pedro e o Tribunal de Justiça, com todos os seus Cartórios, Juizados e Tribunal Pleno; num terceiro, a Ajuris, com seu Curso de preparação para a Magistratura; e, por fim, a Catedral Metropolitana e o Palácio Piratini.
As vagas eram “privativas”. Sempre os mesmos e “privilegiados” motoristas que, ao peso de 30 tostões, garantiam com o seu flanelinha o direito de, ad perpetuam, garantir o estacionamento, em detrimento de outros que, por não gozarem dos serviços daqueles “flanelinhas” privados, eram forçados a buscar ou artérias mais distantes, ou admitirem a descabida taxa cobrada pelos edifícios-garagem.
Eis que, na desesperada tentativa de amenizar os fatos, a Presidente da República, Dilma Rousseff, questionada acerca da queda de sua popularidade após os protestos nas ruas, respondeu que ela e Lula são “indissociáveis”. E ainda completou, afirmando com todas as letras: “Esse tipo de coisa não gruda, não cola”. Falar em “volta Lula” e tal… Eu acho que o Lula não vai voltar porque ele não foi.
Posso até ter cometido dislexia quanto à expressão da Presidente. Mas se me fez lembrar o caso dos flanelinhas, ah, isso me fez!