Colunistas

A coleira da “Véia”

“Desculpe, mas a crônica é preconceituosa e intolerante. Todos, absolutamente todos, têm o direito de ser feliz. Aliás, Sartre diz mais ou menos assim: a felicidade é aqui e agora. Se houve uma ascensão da classe “c” – e houve – que bom! Se por qualquer razão as pessoas ascendentes não sabem se comportar num avião ou num navio de cruzeiro, é outra história. Mas, com certeza, com a prática continuada de viagens, aos poucos, haverão de alcançar os modos, etiqueta e maneira do elitizante Dr. Agra. É o que eu penso.”

“Caro escritor, isso tudo narrado por você chama-se desenvolvimento em várias esferas, porém narrado de uma forma preconceituosa e hipócrita de uma pessoal que provavelmente veio de berço esplêndido. Você deveria ir pra faculdade estudar economia para entender como se deu todo desenvolvimento do nosso país, que nos coloca na 4ª economia do mundo e não criticar o governo Lula que junto com FHC deram outro rumo ao país. Ou você estuda economia ou algo do gênero ou se especializa em história pra contar o passado. ahh, a Varig ainda existe, porém é do grupo Gol. Crônica que repudio totalmente.”

Em 5 de maio de 2012, quando neste espaço escrevi a crônica Voar perdeu o seu charme, recebi dezenove e-mail tecendo comentários sobre o assuntos. Dois deles, que transcrevi acima, foram discordantes.

Na semana que passou os noticiários relataram o inusitado: Ao aterrissar no Aeroporto Internacional de Natal – Rio Grande do Norte –, os passageiros do voo da TAM, procedentes de Brasília, num misto de tensão e preocupação, ouviram a voz do comandante que os instruía: “Senhores, por razões judiciais, permaneçam em seus assentos!” Aberta a porta da aeronave, por ela ingressaram, um oficial de justiça, um policial e o agente de segurança de voos da Companhia, convidando três passageiros a lhes acompanharem até a sala da Receita Federal. Tratavam-se da vítima, da testemunha e – pasmem! – do ladrão do celular!

Casal de amigos adotou, cerca de três meses atrás, uma cadela prenhe que perambulava pelas ruas de Capão da Canoa. Penalizados, com as condições do animal – sujo faminto – meus amigos levaram-no para o pátio do condomínio de apartamentos onde residem.

A cadela, por hábitos adquiridos, gosta de empreender passeios pela praça do camelódromo e adjacências. Para salvaguardá-la, sobretudo na integridade física, o casal colocou uma coleira cingindo-lhe o pescoço. Acreditem, na volta de um de seus passeios, a cadela voltou sem a coleria!

Chinelão! É o mínimo do que posso qualificar o anencéfalo ladrão de coleira de cachorros! E como identificar, senão com o mesmo qualificativo, o larápio de telefone celular a bordo de um avião?

E os dois críticos leitores (o primeiro, que me lançou o veredicto de ”… com certeza, com a prática continuada de viagens, aos poucos, haverão de alcançar os modos, etiqueta e maneira do elitizante Dr. Agra…”, e o segundo que me “repudiou totalmente”), com a mesma convicção de que votarão no apedeuta de nove dedos, cuja “criatura” e flanelinha ainda lhe zela o “estacionamento”, continuam acreditando em coelhinho da Páscoa.

Sem controvérsias!

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