O cérebro humano III - Litoralmania ®
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O cérebro humano III

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

“A razão é uma vasilha com duas alças, tanto pode der empunhada pela direita como pela esquerda”. (Montaigne)  Acrescento: O cérebro pode ser direcionado para o bem e nos conduzir à Cornucópia como para o mal, à Hecatombe Final.

Quando Alfred Nobel patenteou a dinamite em 1867 destinou-a para fins pacíficos, foi um sucesso e lhe rendeu uma fortuna que, até hoje, patrocina prêmios aos expoentes do ano. Isso, porém, não impede que criminosos a usem para explodir caixas eletrônicos. O mal não reside no artefato, subjaz na mente humana desajustada.

No vídeo “O que a mente humana é capaz de fazer” em coluna anterior vimos que, nos cérebros susceptíveis, estímulos podem desencadear reações deletérias, inclusive, em casos extremos, a morte. O mais usual é que nos afetem superficialmente, dependendo do grau da susceptibilidade. Em contraponto,desenvolvimento mais acelerado num processo regenerativo pode ser verificado quando um paciente reage sinergicamente ao tratamento. A medicina,  atualmente, reconhece o valor da oração, da fé e do otimismo no decorrer do tratamento.

Nas relações sociais, por mais tensas e conflitantes que sejam aplica-se o mesmo. Nelson Mandela após 27 anos de cárcere tinha razões sobejas para, ao sair, iniciar uma campanha de retaliação. Não o fez, sublimou a humilhação, a raiva, o ímpeto de “dar o troco” e como resultado, uma África do Sul pacificada. O apartheid foi superado, não esquecido. Ao norte, a “Primavera Árabe” revolve velhas e novas diferenças e ódios e, como resultado, conflitos e lutas fratricidas. Aqui, entre nós, um maniqueísmo persistente nos impede de unir esforços em prol do bem-estar de todos. Como na democracia sói acontecer, quando as posições mais uma vez se inverterem recomeçará o desalentador ciclo. ENQUANTO NÃO ENSARILHARMOS AS ARMAS, TODOS, NÃO HAVERÁ PAZ!

Entre os resultados deletérios advindos da manipulação maliciosa de técnicas psicológicas, duas ocupam posições proeminentes: A “Síndrome de Estocolmo” e a “Lavagem cerebral”.

SÍNDROME DE ESTOCOLMO    

É um estado psicológico em que a vítima de um sequestro ou detida contra sua vontade cria laços afetivos com seu(s) captor(es), surge a partir das tentativas da vítima em se identificar com ele(s). A partir dessa situação o prisioneiro desenvolve um laço que pode, muitas vezes, tornar-se uma verdadeira relação de cumplicidade, chegando a defender seus sequestradores e mesmo auxiliá-los a fugir da lei.

Um dos casos mais ecoantes foi o sequestro de Patrícia Hearst nos anos 70 pelo Exército Simbionês de Libertação. Patty juntou-se ao grupo, participou de assaltos e, mesmo após a captura deles, sempre lhes deu cobertura e proteção. Após a libertação alegou ter sofrido lavagem cerebral, permanecido 57 dias trancada num armário sofrendo maus tratos físicos e psicológicos.

LAVAGEM CEREBRAL

A lavagem cerebral é realizada de duas maneiras, iniciando por um período de estresse quando se é mais receptivo a novas ideias:

1. O primeiro método utiliza a tortura para quebrantar a vontade da vítima, privação do sono e jejum são coadjuvantes. Muito utilizado em prisioneiros de guerra, prolongam-se as sessões durante longo tempo até a submissão total. Ao serem libertos defendem as novas concepções como se suas sempre o fossem numa inversão total dos pretéritos valores. Os resultados se assemelham aos da “Síndrome de Estocolmo”, só que mais traumáticas e, geralmente, irreversíveis.

2. Mais corriqueiro é o induzido paulatinamente, sem emprego de violência física. A vítima é envolvida em palestras, celebrações,atividades rotineiras e não tem tempo para refletir e analisar  o que está ocorrendo. A tática é largamente utilizada por líderes políticos, religiosos ou por ambos em simbiose. Nos casos extremos o domínio chega a ponto de suplantar o instinto de conservação – homens-bombas são exemplos – com a expectativa duma vida post mortem plena de recompensas. Políticos como Hitler, por exemplo, arrastaram nações à guerra enquanto os cidadãos os ovacionavam e seguiam cegamente. Na atualidade líderes populistas usam como moeda de convencimento a ascensão social dos menos favorecidos.

É extremamente difícil, por vezes impossível, reverter o processo em pessoas que atingiram um alto grau de convencimento.

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