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Vai ser briga de “zona”

Os estádios de futebol transformaram-se, há um bom tempo, em campo de guerra entre suas torcidas organizadas (leia-se bandidagem organizada). Em Porto Alegre estateve suas origens, suas raízes na década de sessenta, nas brigas de rua entre as turmas (não se chamavam, ainda, gang) de ruas ou de bairros diferentes.Eram as turmas da JP, da André da Rocha, da República, da Lopo Gonçalves, isto é, das ruas José do Patrocínio, República, Lopo Gonçalves e Avenida Des. André da Rocha, todas no bairro Cidade Baixa.

Elas se digladiavam lisamente – as armas eram apenas golpes de pés e mãos – entre si. Nenhuma delas, porém, ousava enfrentar a da Baronesa (Rua Baronesa do Gravataí). Esta, imbatível, já era o prenúncio do que viriam a ser as gangs de torcidas: sarrafos e soco inglês.

Como se iniciava uma briga entre as zonas (zona, neste caso, sem aspas, significa área, território)?

Bastava um “estrangeiro” cruzar uma das ruas ou bairros vizinhos, era xingado, vaiado, ofendido com impropérios, enfim, apenas verbalmente hostilizado. O “estranho” transitava pelo território “inimigo” mudo e saia calado.

Era o que bastava, no entanto, para que ele entendesse como ultimato. Pronto! Estava armado o “palco” da guerra: calçadas e meios-fios.

Na abertura dos jogos da Copa, Dilma não apenas foi vaiada como ofendida com palavras de baixo calão por quase uma totalidade de 60 mil pessoas que lotavam o Itaquerão. Sozinha, muda ficou e calada saiu.

No dia seguinte, no entanto, igualando-se aos ofensores, partiu para o desafio:

– Ninguém me mete medo!,vociferava a presidente. – Ninguém me intimida. Nunca me intimidei e não me intimidarei.

A resposta de Dilma assemelhou-se àquela que provocava a rixa de moleques de rua: a cusparada no chão e, quem primeiro arrastasse os pés sobre a saliva tinha “direito” a desferir a bofetada inicial.

A presidente deixou de recuperar (se é que não vai, com toda a certeza, perder muitos e muitos) pontos nas intenções de voto com sua infantil e irada resposta. Perdeu excelente oportunidade em calada ficando, de mostrar-se superior aos que a ofenderam.

Preparem-se, pois brasileiros e brasileiras:vem aí uma autêntica briga de rua. Uma genuína briga de “zona” (esta sim, com aspas, que vocês sabem exatamente o quê ela quer se referir).

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