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Manifestantes rejeitam plano de transição no Egito

As manifestações contrárias à permanência do presidente do Egito, Hosni Mubarak, ganham o apoio de mais segmentos da sociedade egípcia. Milhares de pessoas se reuniram ontem (8) na Praça Tahrir, no centro do Cairo, mesmo depois de o governo ter apresentado um plano de transição – que não prevê a saída de Mubarak.  Para analistas políticos, foi o maior protesto das últimas semanas no país.

Pelo plano de transição, duas comissões serão implantadas: uma para investigar as denúncias de violência registradas durante os protestos e outra para promover as reformas na Constituição. Também foram libertados alguns presos políticos, mas um número considerado pequeno no grupo dos 10 mil dissidentes mantidos em prisões no país.

Ontem, tentativas do Exército de checar a identidade das pessoas que entravam no local foram abandonadas devido ao tamanho da multidão. Também foram registrados protestos nas cidades de Alexandria e Almançora, no Norte do Egito.

“Não me importa o que eles estão prometendo. Nossa exigência é a mesma: Mubarak deve deixar o poder”, disse a manifestante Mariam. Outro manifestante, de 55 anos, mas que não quis se identificar, afirmou que “tolera” o presidente há três décadas. Segundo ele, a geração mais jovem tem mais coragem do que a dele.

Em geral, os manifestantes mantêm a desconfiança em relação ao governo, inclusive ao principal negociador nomeado por Mubarak, o vice-presidente Omar Suleiman, que até o início dos protestos era o chefe de Inteligência da Administração Pública.

“Não confiamos mais nele. Como Suleiman pode garantir que não ocorrerá violência na época da eleição depois de todos os ataques que vimos contra os jovens?”, perguntou Ahmed, um jovem egípcio.

Paralelamente, o primeiro-ministro francês, François Fillon, revelou que o governo egípcio pagou por suas férias e da família no Sul do Egito, entre 26 de dezembro e 2 de janeiro. Fillon disse também que usou um avião oficial do governo para fazer a travessia entre Assuã e Abu Simbel, durante a viagem, e que fazia agora as revelações “pelo interesse da transparência”.

A economia egípcia tem sido duramente atingida pela onda de protestos, iniciada no dia 25 de janeiro. Na última sexta-feira (4), o governo afirmou que a crise vem custando cerca de US$ 310 milhões diariamente ao Egito e que a Bolsa de Valores do Cairo permanecerá fechada pelo menos até o final da semana.

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