Presidente do Legislativo osoriense fala sobre a sua vida política, coligações e avalia a administração municipal
Ele conta sobre sua vida política, avalia a administração municipal e fala sobre os boatos de uma possível coligação do PT, com ele indo de vice em uma chapa com o PMDB, em 2012.
Veja a entrevista completa abaixo:
1- Como o senhor entrou para política? Por quê?
Em 1989, no pleito eleitoral, votei pela primeira vez, mesmo sendo facultativo, já que possuía 16 anos! Foi meu primeiro voto (de uma seqüência de cinco) em Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira vez que o Brasil pós-regime militar (1964-1985) escolhia de forma direta seu presidente.
A efervescência política talvez se justificasse em função do restabelecimento da democracia de forma plena. Naquele período (1988-1990), estagiava como Menor Estagiário de Serviços Gerais na agência do Banco do Brasil de Osório. A maioria dos funcionários eram muito politizados. Conversavam e faziam defesas de seus candidatos sem constrangimentos.
Este contexto foi fundamental para despertar desejos e encantos pela política apesar do meu parco conhecimento. Este entorno muito auxiliou a moldar-me politicamente, ou seja, situar-me no espectro político.
O ingresso na Universidade em 1990 aprofundou ainda mais a certeza de que a política é inerente ao ser humano e que não se pode ficar alheio aos problemas sociais, econômicos e políticos de nosso país.
Mesmo que tivesse optado por um curso da área das ciências exatas, onde a reflexão acadêmica mais aprofundada sobre política e seus imbricamentos sociais não estivesse diretamente presente no currículo, o ambiente universitário reforçou ainda mais o compromisso que devemos ter, independentemente de onde atuarmos de forma a reforçar a justiça social.
2- Por que a escolha pelo PT?
Diante do exposto anteriormente, vi no PT estes atributos e preocupações presentes em seu ideário, como: democracia, participação, justiça social, desenvolvimento social e econômico como complementares e não díspares. Porém, este amadurecimento e certeza, ainda que simpático, ocorreu somente em 1996, quando me filiei ao PT.
3- Na sua primeira eleição para vereador em 2008, o senhor fez uma votação expressiva, passando de 1.200 votos. A que o senhor atribui esse número, já que foi a primeira eleição de sua vida política?
Foi a primeira experiência que tive enquanto candidato. Em situações anteriores era coadjuvante e atuava na retaguarda. O engajamento, coesão e unidade interna do partido, juntamente com minha experiência docente – que me fez trabalhar em quatro importantes escolas da cidade, foram condicionantes que deram a sustentação e popularidade capaz de transformar o potencial candidato em vereador eleito. Aliado a isso, havia um interesse dos eleitores de Osório por uma cara nova na política municipal.
4- Como o senhor avalia a atual administração do município de Osório?
Destaco a importância da infraestrutura que existe no município. Boas estruturas em escolas municipais, boa rede de postos de saúde, boa pavimentação, espaços de lazer vem sendo qualificados.
Porém, ainda há desafios: Necessitamos erradicar o analfabetismo no município, zerar o déficit de vagas em escolas de educação infantil, implementar e construir rotas turísticas que gozem de boa infraestrutura. Precisamos, ainda, ter ousadia para buscar investimentos externos públicos e privados para que alavanquem o turismo local.
A posição geográfica e a malha viária que interliga a cidade, além dos recursos naturais abundantes (água/energia/comunicação), dão condições ao município de almejar a captação de investimentos no exterior, como vem sendo buscado pelo Governador Tarso em suas recentes investidas à Europa/Ásia na busca por parceiros para investimentos em importantes áreas como automobilística, estaleiros, eletroeletrônicos, indústria de tecnologia e energias limpas.
5- A sua gestão como presidente do legislativo osoriense vem sido elogiada pelos moradores. Pessoalmente, como o senhor avalia este mandato até aqui?
No discurso de posse, destaquei o compromisso em ampliar os canais de comunicação buscando uma maior interlocução com a comunidade de Osório. Temos utilizado as novas mídias para atingir este objetivo. Nosso site – que estava inativo – foi completamente reestruturado. Hoje, divulgamos matérias e pautas do Legislativo quase que diariamente através da nossa página na internet e de perfil no Facebook. Isto permite que o cidadão acompanhe o que se passa na Câmara de Vereadores, como ordem do dia, reuniões interiorizadas, agendas de vereadores, etc.
Estamos nos preparando para, num segundo estágio, dar transparência de todos os atos do Poder Legislativo osoriense, como contratos e licitações, gastos, balanços e diárias dos servidores. Administrar com transparência respalda o gestor e faz com que o cidadão exerça a cidadania e o controle social necessário.
Implantamos também uma agenda de visitas a diferentes entidades/instituições públicas e privadas visando um diálogo mais qualificado e que permitam ações que estejam em sintonia com os desejos, demandas e necessidades da comunidade osoriense.
Nosso mandato ainda tem o desafio de mostrar para Osório e para a região como é, de perto, a maneira que o PT faz política – com preocupação social, diálogo, transparência, participação. Enfim, com democracia.
6- O senhor como professor, como avalia a educação em Osório?
Nossa cidade é pólo educacional na região. Temos boas escolas públicas de educação básica. No último ano, a rede de escolas profissionalizantes ganhou um importante parceiro: Instituto Federal do Rio Grande do Sul/IFRS-Campus Osório, que veio qualificar ainda mais este modalidade na cidade. Fruto da acertada expansão efetivada pelo Governo Lula.
A Facos tem conseguido, com qualidade, expandir e se destacar, buscando novos eixos do conhecimento antes ausente localmente e importante para o desenvolvimento da cidade e região.
Existem tratativas para a presença da Uergs em Osório e a UFRGS, muito em breve, será instalada às margens da cidade, na vizinha Tramandaí. Assim, consolidar-se-á o ensino na educação básica, profissionalizante e superior.
Estas novas instituições de Ensino Superior trarão consigo mais qualidade e o desenvolvimento não somente de ensino, qualificando a mão de obra local, mas também pesquisa.
Algo que poderá atender as demandas regionais e potencializar o desenvolvimento pleno do município e região.
7- Muitos dizem improvável a coligação entre PT e PMDB para as próximas eleições em Osório. Pessoalmente o senhor gostaria que essa coligação acontecesse sendo o senhor vice na chapa com Júlio Ramos?
Antes de mencionar nomes, temos que ter claro os diferentes projetos para o desenvolvimento social e econômico de nossa comunidade. O Partido dos Trabalhadores quer construir um maior protagonismo político para Osório, com mais participação, transparência, democracia e capacidade de diálogo com os diferentes segmentos sociais e instituições através das ações do Executivo e que intensifiquem o desenvolvimento com responsabilidade sócio-ambiental, criando uma cidade melhor para todos.
São premissas chave e que pautaremos com aqueles parceiros que nos querem ter como aliados para o próximo pleito.
O PMDB no Estado sempre nos fez uma forte oposição e vice-versa. O vereador Júlio Ramos, com quem mantenho boa relação na Câmara, é um nome forte na política local e precisa ser respeitado.
8- Como está a relação do PT com o PDT em Osório?
Boa! Os dois partidos têm bases sociais muito próximas. Às vezes se confundem. O PDT nas últimas duas décadas, tanto no âmbito nacional como estadual, sempre esteve próximo do PT, exceto raras exceções.
Compuseram a base de apoio do Governo Lula nos 8 anos e repetem com a presidenta Dilma. No estado, mesmo em campo oposto no pleito do ano passado, compõe hoje a base de apoio do Governo Tarso.
Em Osório, compomos o Governo Romildo e, mesmo que minoritários, nossos quadros desempenham importantes funções com responsabilidade, foco nos compromissos políticos assumidos e em compasso com os anseios de nossa gente.
9- Se o senhor fosse prefeito hoje, o que faria e o que retiraria em Osório?
A história do Partido dos Trabalhadores em administrações – sejam elas no âmbito municipal, estadual ou nacional – nos mostra que o Partido prima por preceitos como participação popular, transparência e desenvolvimento social e econômico de forma sustentável. Portanto, creio que no momento em que o PT administrar Osório, esses compromissos serão reafirmados e serão buscados diariamente durante uma administração petista.
10- Em sua opinião, qual a maior deficiência que Osório possui hoje?E as qualidades do município?
A cidade hoje goza de boa infraestrutura. Temos estrutura de boa qualidade em escolas e postos de saúde da rede municipal. Ruas com boa pavimentação.
Entretanto, ainda é tímida a busca por diversificação de nossa matriz produtiva, que está centrada na prestação de serviços.
Urge a necessidade de criarmos outras fontes de receita ao município para que proporcionemos bem estar econômico e social àqueles que aqui vivem. A região tem uma vocação enorme para o turismo integrado ao meio ambiente. Porém é uma potencialidade infelizmente adormecida e que precisa de maior protagonismo e parceria entre o poder público e a iniciativa privada.
11- Conte um pouco de sua história:
Nasci em 1972! Filho de pais separados (Marlene Silva – David Nunes), desde o 2° ano,fui criado pelos meus avós maternos (Vô Biruta e a vó Rita), os quais me deram muito afeto, carinho e boa formação moral.
Trabalho desde os 13 anos de idade. Fui balconista no comércio em Osório (Casa do Colono), Menor Auxiliar no Banco do Brasil. Fiz meu 2° grau à noite no Marquês. Mudei-me para Tramandaí, onde também no comércio trabalhava de segunda a segunda, consorciando o trabalho pesado com a graduação em Física na Unisinos. Formei-me em 1998, ingressando no magistério em 1997.
Em 1998, fui contemplado com bolsa de estudos e fiz curso de Radiação Ambiental na Universidade de Huelva/Espanha. No ano seguinte, ingressei no magistério público, tendo trabalhado nas escolas Prudente de Moraes, Albatroz e Rural – onde atualmente leciono.
Entre 2001 e 2003, cursei o Mestrado em Educação Básica também na Unisinos. Em 2005 e 2006, fui bolsista pelo Capes/MEC no Timor Leste, pela Cooperação Docente entre Brasil-Timor Leste. Em 2006, de volta ao Brasil, iniciei como docente de ensino superior no Cesuca/Cachoeirinha, onde leciono até hoje.
Em 2001 casei-me com Tatiana Girardelo com quem tive dois filhos Isadora (7 anos) e Santiago (2 anos) e fixamos residência em Osório. Tenho outra filha, Laira (16 anos), de um relacionamento anterior.
Filiei-me ao Partido dos Trabalhadores em 1996 em Tramandaí, onde iniciei minha militância. Em 2007, já em Osório, fiz parte da Executiva do PT como vice-presidente. Daí em diante, creio que não é mais novidade!
12- Quais os seus planos dentro da política?
O Partido dos Trabalhadores tem acumulado uma série de acertos que fizeram do Brasil um país não mais do futuro, mas com efetivo avanço social e econômico no presente.
O Rio Grande com o governo Tarso, já nesses primeiros meses, tem demonstrado sensibilidade política para tratar temas importantes com desenvolvimento das diferentes regiões e, sobretudo, do Estado, colocando-o em sintonia com os avanços do País.
O amadurecimento político dos nossos quadros em Osório e região permite-nos almejar mais protagonismo na política local e regional, capaz de articular administrações comprometidas com o desenvolvimento, com a cidadania e com a participação popular.
13- Se não fosse professor, seria? Agricultor.
14- Qual seu hobby? A companhia dos filhos.
15- Time do coração: Grêmio.
16- Comida preferida: Massa.
17- Deixe um recado para os leitores do Litoralmania:
Gostaria de reforçar a necessidade de uma participação mais efetiva de todos na política local. Discutir nossas fragilidades, apontar sugestões, exigir e acompanhar o trabalho parlamentar e executivo dos políticos é essencial para a efetivação da cidadania.
Nosso país vive um ótimo momento, fruto da consolidação da democracia e dos inúmeros acertos – tanto no campo social, como no campo econômico – pelo Governo Lula e que se consolida com o Governo Dilma. O alinhamento político que existe hoje entre o governo municipal, estadual e federal permite-nos construir uma cidade com mais qualidade de vida, capaz de diminuir as desigualdades sociais que aqui existem, fazendo com que as oportunidades sejam democratizadas.
Osório vive um momento ímpar e cabe a cada cidadão osoriense aproveitá-lo em nome da coletividade.