Em nota, Embaixada do Irã diz que houve “mal-entendido”
“Essa missão diplomática declara que a acusação levantada contra o diplomata iraniano é exclusivamente um mal-entendido decorrente das diferenças nos comportamentos culturais [entre iranianos e brasileiros]”, diz a nota. Não há referência se a embaixada enviou o diplomata de volta para o Irã nem se serão tomadas providências. Desde que as acusações foram feitas, no último dia 14, esta foi a primeira manifestação da representação diplomática.
“Nesse sentido também expressamos energicamente o nosso protesto e indignação relativo ao tratamento e à maneira como a mídia, geralmente tendenciosa, trata as coisas relativas a alguns países, entre eles o Irã”, diz ainda o comunicado. “[A reação da midia brasileira] demonstra nitidamente um comportamento intencional, propositado e imparcial”, acrescenta.
Ontem (18), o Ministério das Relações Exteriores recebeu informações da Polícia Civil do Distrito Federal sobre as acusações envolvendo o diplomata iraniano e decidiu notificar oficialmente a Embaixada do Irã no Brasil. Mas, antes, serão conduzidas investigações em relação ao caso. O iraniano dispõe de imunidade diplomática e não pode ser investigado nem incriminado como os cidadãos comuns.
Parentes das crianças estiveram no Itamaraty para pedir ao governo federal providências em relação ao caso. O diplomata iraniano é acusado de ter assediado sexualmente crianças e adolescentes de 9 a 14 anos na piscina de um clube da capital federal, localizado em área nobre da cidade.
Segundo relato das famílias e dos salva-vidas do clube, o homem acariciou as partes íntimas das crianças quando mergulhava na piscina, no sábado passado (14). Pais e mães das crianças e adolescentes fizeram um boletim de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia Civil. O diplomata foi ouvido e liberado em seguida.
De acordo com a Convenção de Viena, um diplomata não pode ser processado ou preso no Brasil. Nesses casos, pode sofrer punições somente se o país de origem retirar a imunidade diplomática ou for declarado persona non grata pelo governo brasileiro, sendo expulso do território e impedido de ingressar. No entanto, o diplomata não está isento de ser alvo de processo em sua terra natal.
No Irã, crimes sexuais são julgados de acordo com a Sharia – códido de conduta e moral regido pelo Alcorão, livro sagrado do islamismo. Desde a revolução islâmica em 1979, o país é uma república orientada pelos preceitos da religião.