Redes argentinas forçam brasileiras a se prostituírem
Paraguaias, brasileiras e dominicanas são submetidas na Argentina a condições de “escravidão” e são obrigadas a se prostituírem por redes mobilizadas nas principais cidades do país, segundo um relatório publicado hoje pelo jornal argentino Clarín.
Trata-se geralmente de imigrantes ou mulheres argentinas às quais se “promete um salário de 6 mil pesos (US$ 1.950) por mês se aceitarem trabalhar em outra parte do país. Qualquer uma se deslumbra com isso, mas terminam como escravas e, se denunciam, são mortas”, disse a presidente da Associação de Meretrizes Argentinas, Elena Reynaga.
– É preciso suspeitar quando aparecem desconhecidos em áreas pobres que oferecem trabalho, casa, ou fazem circular o rumor de que precisam de moças ou babás para trabalhar em outra província por um bom salário – explicou Susana Fraidenraij, coordenadora de um estudo sobre tráfico de pessoas na Argentina que será apresentado pela Organização Internacional de Migrações (OIM) em dezembro.
Segundo dados da OIM, na Argentina há redes mafiosas que “vendem” mulheres por valores que oscilam entre 150 e 5 mil pesos para depois trabalharem em prostíbulos.
Na Argentina, o tráfico de pessoas não é considerado um crime, por isso o Congresso discute atualmente projetos para incorporar este delito entre as leis locais. Fontes legislativas expressaram que, apesar de não ter ainda estatísticas oficiais, este problema cresce no país. Desde o início de 2005, o Estado repatriou 50 pessoas ao Paraguai e ao Brasil que tinham sido submetidas a estas condições.
O Escritório de Assistência à Vítima (Ofavi) começou a atender estes casos a partir dos “pedidos desesperados de ajuda de um grupo de jovens dominicanas” que tinham sido obrigadas a trabalhar nestas condições.
O Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Delito afirmou em abril que a Argentina tem uma “incidência média” como país receptor de mulheres e crianças que são forçadas a se prostituírem. Além disso, o escritório da ONU advertiu que as quadrilhas envolvidas nestes crimes enviam argentinas para a Itália e a Espanha, embora com um nível de “incidência baixa”.
Atualmente, há mais de 20 redes espalhadas pelas principais cidades do país que se dedicam à exploração sexual de mulheres, segundo o relatório.