Encontros regionais sinalizam candidatura própria para o PDT em 2014
A três meses do encontro que em novembro vai decidir o futuro do PDT nas eleições de 2014, o partido finalizou 25 encontros dos 38 programados até outubro. Embora o pouco tempo de televisão obrigue a busca de coligações com outras legendas, as lideranças municipais, prefeitos e vereadores acreditam na força que a sigla recuperou na eleição municipal de 2012. As duas coordenadorias visitadas neste final de semana concentram lideranças trabalhistas fortemente ligadas a Leonel Brizola, como é o caso de Carazinho, sua terra natal, onde o ex-deputado Romeu Barlesi, 84 anos, mesmo enfrentando a chuva e as baixas temperaturas do sábado (10) pela manhã, foi até a Câmara de Vereadores e ao lado do prefeito, Renato Suss (PDT), pediu cautela ao partido ao decidir pela candidatura própria.
Ele acredita que o partido recuperou sua força política, mas deve assumir uma posição em 2014 que favoreça a candidatura do prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, em 2018. Também o prefeito Renato Suss, que assumiu uma postura radical na gestão municipal através da austeridade, ponderou que embora não tenha simpatias pelo PT, é preciso reconhecer os investimentos dos governos federal e estadual junto aos municípios. Outros prefeitos também adotaram esse posicionamento. Na coordenadoria do Alto Jacuí, o PDT tem sete prefeitos, 12 vice-prefeitos e 36 vereadores, números recuperados na última eleição municipal.
Vigilância e conduta
À frente dos encontros, o presidente Romildo Bolzan Júnior adverte que a discussão sobre a participação em 2014 é uma “pauta estratégica tanto para as chapas proporcionais quanto para a majoritária”. A ideia é reforçar as nominatas proporcionais com candidatos regionais, buscando avançar nas duas casas legislativas: de sete para oito deputados na Assembleia e de três para quatro na Câmara dos Deputados. O ex-prefeito de Osório pediu que o partido faça avaliações locais sobre os protestos nacionais que evidenciaram o descontentamento da população com as instituições, especialmente os partidos políticos. “O povo está insatisfeito com as respostas públicas”, observou na Câmara de Vereadores de Sarandi, “não podemos ignorar esse alerta e o partido tem que estar posicionado através da boa conduta e de postura ao fazer política”. As respostas positivas ao PDT nas eleições municipais refletem o reconhecimento público, “temos tradição e história de bons resultados e eficiência pública e respostas positivas da sociedade, mas temos que avaliar a atual conjuntura”. Advertiu em Carazinho que a falta de interlocução com a sociedade e a ausência nos movimentos sociais vai significar o aumento da perda de legitimidade dos partidos. Outra preocupação do dirigente estadual da sigla é que a decisão sobre o futuro eleitoral em 2014 seja unificada e assumida pela base partidária. “Do contrário, seremos uma força pulverizada e enfraquecida”.
Valorização
O líder da bancada do PDT na Assembleia Legislativa, deputado Gerson Burmann, fez um histórico da atuação da bancada como base de apoio do atual governo, destacando ações do PDT que direcionaram para a adoção do modelo dos pedágios comunitários, uma pauta do partido. Da mesma forma a confirmação de 12% do orçamento para a saúde foi uma iniciativa do PDT, assim como a pressão pelo asfalto nos acessos municipais, além da presença nas áreas da saúde, municípios e esportes. “Temos que reconhecer que a nossa participação no governo nunca se deu de forma tão efetiva como agora”, disse na Câmara de Vereadores de Sarandi, onde foi realizada a reunião da coordenadoria Alberto Pasqualini, na sexta-feira (9). Ele defende a candidatura própria apoiado nos resultados positivos da eleição de 2012. As dificuldades com o tempo de televisão não podem superar a força política do partido, observou.
Divergências
O secretário do Gabinete dos Prefeitos, Afonso Motta, discorda da candidatura própria e entende que seria viável apenas num cenário nacional, ou seja, o PDT com candidato à presidência da República e também ao governo do Estado. Defende, portanto, a continuidade do atual alinhamento do PDT com o PT nos planos federal e estadual. Na mesma linha a deputada Juliana Brizola quer ampliar a democracia interna e pede eleição direta para os cargos diretivos do partido, criticando Carlos Lupi que há uma década é dirigente nacional da sigla. Ela defende um projeto partidário coletivo e não apenas de um grupo e alerta que, em 2014, caso a candidatura própria não se confirme, que a decisão seja das bases e não da cúpula. Na mesma linha do ex-deputado Romeu Barlesi, também o prefeito de Santa Bárbara, Luiz Artur dos Santos Rosa, recomendou que os dirigentes escutem as bases no interior, “às vezes o recuo numa batalha vale a pena para ganhar a guerra”, lembrou.
A caravana pedetista reuniu lideranças de todo o Estado em Sarandi e Carazinho: os deputados Gilmar Sossella, Diogenes Basegio e Giovani Cherini; Pompeo de Mattos, Flávio Lammel, vereador Márcio Bins Ely, Carlos Cato, prefeito de Chapada, Eduardo Loureiro, ex-prefeito de Santo Ângelo, Wilson Paese, coordenador de Sarandi e Jaime Gonçalves da Silva, coordenador de Carazinho; Reinaldo Nicola, ex-prefeito de Sarandi; vereadores das duas regiões, prefeitos e vice-prefeitos, mulheres e jovens lotaram as duas reuniões.
Nos dias 23 e 24, a executiva e delegados participam em Brasília da segunda etapa do Congresso Nacional do partido, finalizando discussões que se iniciaram em agosto de 2011, em Porto Alegre, na primeira etapa do Congresso realizado durante as comemorações dos 50 anos da Legalidade. Nos dias 30 e 31, os encontros regionais serão em Lagoa Vermelha e Cacique Doble.