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Deflagrada terceira fase da Operação Leite Compen$ado

Nesta quinta-feira, 7, o Ministério Público deflagrou, na cidade de Três de Maio, Noroeste do Estado, a terceira fase da Operação Leite Compen$ado. Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão em quatro locais. Entre o material recolhido estão anotações, notas fiscais e documentos, além de produtos químicos. Também há mandados de busca e apreensão contra três caminhões de transporte de leite. A ação tem apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Receita Estadual. Coordenam os trabalhos o Promotor de Justiça da Especializada Criminal Mauro Lucio da Cunha Rockenbach, o Promotor de Justiça da Especializada de Defesa do Consumidor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho e o Promotor de Justiça de Três de Maio Pablo da Silva Alfaro.

Conforme as investigações, o transportador Airton Jacó Reidel, de 31 anos, chefia uma quadrilha composta pela esposa dele, Rejane Dias, de 32, e pelos seus sobrinhos, Roberto Carlos Baumgarten e Laércio Rodrigo Baumgarten. Os dois últimos são os motoristas do grupo, enquanto Rejane é sócia do marido e proprietária de todos os bens adquiridos através do crime.

A quadrilha adicionava produtos químicos ao leite in natura com a finalidade de mascarar a adição da água e aumentar o volume do produto final para, com isso, elevar a lucratividade. Isso causa redução do valor nutritivo do leite e sérios riscos à saúde dos consumidores. Além disso, eles também acresciam peróxido de hidrogênio (água oxigenada) para elevar a durabilidade do leite, já que o produto químico atua como bactericida. Na prática, o grupo comprava leite prestes a vencer por preço até 50% inferior ao do mercado e, após a manipulação com o peróxido de hidrogênio, repassava para a indústria. O produto elimina as vitaminas A e E e, em altas concentrações, prejudica a flora intestinal.

Airton Jacó Reidel construiu um galpão com portão de correr para que os caminhões, assim que entrassem, fossem escondidos. Isso serviu para despistar a movimentação logo depois da primeira fase da Operação Leite Compen$ado. Nos 15 dias subsequentes à ação, as atividades da quadrilha foram paralisadas.

A fraude foi detectada a partir de informes da Laticínios Bom Gosto (Grupo LBR) ao MP, a partir da assinatura de TAC para a melhoria do controle de qualidade do leite recebido. Três relatórios do laboratório da Univates, credenciado pelo Ministério da Agricultura, apontaram presença de água oxigenada, o que é proibido pelas normas da Anvisa. De acordo com os laudos de condenação de carga de leite da Laticínios Bom Gosto, duas delas, transportadas pelo Transportes Reidel & Dias Ltda, foram rejeitadas em 12 e 15 de outubro devido à presença de peróxido de hidrogênio. A Comércio de Laticínios Mallmann Ltda rejeitou uma carga em 14 de outubro. No laudo, a empresa afirma: “lembramos que análise positiva para peróxido de hidrogênio é fraude. Por meio da adição de peróxido de hidrogênio (Água Oxigenada), uma ação fraudulenta ao leite, busca conservar suas propriedades físico-químicas, inibindo o desenvolvimento de microrganismos contaminantes. Esse tipo de fraude mascara deficiências da higiene nas etapas de ordenha, acondicionamento e transporte”.

Conforme relatório da Receita Estadual, Airton Jacó Reidel foi o responsável, no último ano, pela compra de 25 kg de bicarbonato de sódio, 400 kg de hidróxido de sódio e 110 kg de peróxido de hidrogênio. O Promotor Mauro Rockenbach se deslocou para a região ainda durante o final de semana para acompanhar a movimentação do grupo, bem como a realização de testes laboratoriais. Um braço do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) foi enviado para o município de Boa Vista do Buricá, vizinho a Três de Maio, onde foram feitas análises para a detecção de água oxigenada e outros solutos no leite coletado dos transportadores.

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