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Secretaria faz balanço das ações de socorro na boate Kiss

Desde o dia 27 de janeiro de 2013, quando um incêndio atingiu a boate Kiss em Santa Maria vitimando mais de 240 jovens, uma força tarefa do Sistema Único de Saúde (SUS) foi montada para garantir atendimento de urgência aos feridos e estrutura para o tratamento adequado aos sobreviventes. Hoje, a mesma parceria que há um ano reuniu as equipes do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde (SES), municípios e uma multidão de voluntários, ainda garante o acompanhamento dos pacientes e de seus familiares.

Para a secretária estadual da Saúde, Sandra Fagundes, a experiência da mobilização para garantir o atendimento às vítimas foi precisa no momento da urgência, mas também é reconhecida pela continuidade do cuidado. “Conciliamos profissionalismo e rede de serviços com a solidariedade da população e a capacidade de organização e resposta dos familiares e amigos dos jovens atingidos”, afirma.

O socorro inicial mobilizou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de seis municípios e a internação dos pacientes contou com vagas em treze hospitais de cinco cidades. O serviço de atenção psicossocial às vítimas, familiares, amigos e profissionais realizou oito mil atendimentos em 2013 e a rede organizada para dar continuidade à assistência em saúde atende hoje 1.610 pessoas.

A grande rede de solidariedade contou também com a atuação da Força Nacional do SUS, da Defesa Civil, da Força Aérea Brasileira, de conselhos profissionais como o de Psicologia, da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde, com sede em Santa Maria, e das secretarias municipais de Saúde de Porto Alegre, Canoas e Santa Maria.

O atendimento promovido por essa parceria e coordenado pelo Governo do Estado se deu em três momentos: a fase emergencial/hospitalar, a fase ambulatorial e a fase longitudinal.

Primeira fase: socorro e assistência psicossocial imediata
A primeira fase começou com o socorro às vítimas, envolvendo diretamente o Samu 192, mobilizado para garantir o reforço imediato de profissionais que atendem emergências. UTIs móveis de Caxias do Sul, Canoas, Passo Fundo, Ijuí, Santo Ângelo e Porto Alegre foram deslocadas para atender os feridos do incêndio. Os profissionais também atuaram no acompanhamento dos pacientes que necessitaram de transferência. O transporte, via aérea, foi garantido a partir da parceria da Força Aérea Brasileira.

Imediatamente, a SES iniciou a organização da atenção psicossocial das vítimas, familiares, amigos e profissionais envolvidos na operação. Esse serviço foi disponibilizado inicialmente no Centro Desportivo Municipal e no CAPS de Santa Maria, 24 horas por dia e com participação de profissionais do Estado, do município e voluntários.

Enquanto isso, os municípios de Porto Alegre e Canoas foram acionados para garantir vagas de tratamento intensivo em hospitais especializados da região (sete em Porto Alegre e um em Canoas) e organizar o acolhimento aos pacientes graves que foram transferidos nas horas seguintes ao incêndio. Em Santa Maria, três hospitais concentraram as internações de feridos. Estabelecimentos de Caxias do Sul e Ijuí também receberam pacientes, totalizando 13 hospitais envolvidos em todo o Estado. Durante o tratamento dos feridos, as equipes das UTIs de todos os hospitais participaram de videoconferências para troca de experiências sobre medidas exitosas no acompanhamento de cada caso.

Também houve troca de tecnologia entre instituições, monitorada por um grupo de trabalho montado pela SES, para suprir as necessidades dos hospitais, como equipamentos respiratórios e diálise. O Hemocentro do Estado trabalhou para atender um movimento recorde de doadores e manteve o banco de sangue com estoque suficiente em todos os dias desde o início da assistência. Bancos de pele nacionais e internacionais foram mobilizados pela Central de Transplantes do Estado para o reforço do estoque de tecidos necessários ao tratamento dos pacientes que sofreram queimaduras. A SES também reuniu doações de medicamentos para reforçar a estrutura dos hospitais de Santa Maria e na Região Metropolitana.

Toda a primeira etapa foi administrada pela sala de crise instalada em Santa Maria e conduzida inicialmente pela Força Nacional do SUS, em parceria com o Estado e os municípios. Os integrantes da Força permaneceram na cidade até o dia 18 de fevereiro.

Segunda fase: organização da rede
A partir do levantamento da necessidade das vítimas, o segundo momento foi de transição do atendimento para uma rede de atenção especializada. Em fevereiro, foi instituído o Centro de Atendimento às Vítimas de Acidente (Ciava), no Hospital Universitário de Santa Maria, que passou a ser referência para o acompanhamento dos pacientes. A interlocução dos serviços com a Atenção Básica em Saúde também foi qualificada. Em março, todas as pessoas que tiveram contato com a fumaça tóxica liberada pelo incêndio foram cadastradas e inicialmente atendidas em mutirões.

A SES ampliou a rede de atendimento psicossocial com a criação do serviço Acolhe Saúde, que realizou oito mil atendimentos até dezembro de 2013, entre atendimentos individuais e familiares, visitas domiciliares, atendimento por telefone e encaminhamentos para internação ou outros serviços. No total, 891 pessoas estão cadastradas para acompanhamento no Acolhe.

O Centro Regional de Saúde do Trabalhador (CEREST) foi incluído na rede de acompanhamento. O Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, foi definido como referência para os pacientes com queimaduras, acompanhados a partir do Ciava. A SES aumentou, ainda, a compra de procedimentos de fisioterapia para garantir o atendimento necessário aos pacientes com esta demanda.

Fase atual: cuidado permanente
Hoje, 1.610 pessoas seguem sendo atendidas e têm como referência o Ciava, no Hospital Universitário, o CEREST e o Acolhe Saúde, todos em Santa Maria. Dependendo do perfil do paciente, é garantida assistência especializada, realizada no Ciava, onde 241 pessoas têm acompanhamento em pneumologia, 67 em tratamento de queimaduras, 66 em fonoaudiologia e 43 em fisioterapia.

Todas as ações são monitoradas pelo Grupo Gestor do Cuidado Kiss, instituído também em parceria e que se reúne semanalmente. Integram o grupo: o município de Santa Maria, o Governo do Estado do RS, o Hospital Universitário de Santa Maria, o Centro Regional de Saúde do Trabalhador, o Conselho Municipal de Saúde e a Associação de Pais e Vítimas da Kiss (AVTSM).

O objetivo do grupo é garantir a integralidade do cuidado em saúde às vítimas do incêndio da Kiss, através do monitoramento da atuação da rede e do planejamento da continuidade do atendimento a médio e longo prazo.

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