A Casa Espírita – Parte 1 / 10
Pode-se inferir, equivocadamente, que a citação acima tenha um caráter pretensioso, no sentido de predizer o futuro do Espiritismo.
Contudo, é forço reconhecer que hoje o mundo abriga, senão adeptos diretos da Doutrina Espírita, grande número de pessoas que tenham sua visão da vida muito semelhante à do Espiritismo, seja através de outras filosofias ou religiões de conceitos afins, ou da própria Doutrina Espírita, que acabam por deixar traços do perfume das suas verdades em todos os círculos.
A diferença primordial entre a Doutrina Espírita e outras filosofias ou religiões que postulam conceitos semelhantes é o caráter científico (além do filosófico e religioso) e o despojamento de ritos ou representações metafóricas sujeitas a influências da cultura vigente, caracterizando o resgate das verdades divinas em sua essência.
E para que o desenvolvimento dos estudos e da prática Espírita seja levado a bom termo, disseminando os conhecimentos e atuando no consolo e esclarecimento do Homem, o Centro Espírita (também conhecidos como Sociedade ou Casa) é a agremiação básica que sustenta o conhecido Movimento Espírita.
A Sociedade Espírita tomou forma já na codificação do Espiritismo, conduzida na Terra por Allan Kardec, criada basicamente para o estudo dos fenômenos espíritas, propiciando um intercâmbio de conhecimentos e experiências, e grandemente auxiliada pelo cientista pesquisador que era Kardec, pessoa dotada de grande habilidade metódica que organizou desde cedo todas as atividades que compuseram o início do Espiritismo.
Em sua origem Cristã, assim como em algumas outras religiões, a Casa Espírita hoje traz em sua característica de atuação a mesma da Casa do Caminho, tido como primeiro estabelecimento do Cristianismo, dirigido pelo apóstolo Simão Pedro.
A partir da criação das Sociedades Espíritas, inicialmente destinadas ao estudo, Kardec e seus confrades sentiram a necessidade de colocar em prática os preceitos morais que integram a Doutrina e daí sedimentou-se o perfil básico da Casa Espírita de nossos dias, cujas características são:
– núcleos de estudo, de fraternidade, de oração e de trabalho, praticados dentro dos princípios espíritas;
– escolas de formação espiritual e moral, que trabalham à luz da Doutrina Espírita;
– postos de atendimento fraternal para todos os que os buscam com o propósito de obter orientação, esclarecimento, ajuda ou consolação;
– oficinas de trabalho que propiciam aos seus frequentadores oportunidades de exercitarem o próprio aprimoramento íntimo pela prática do Evangelho em suas atividades;
– casas onde as crianças, os jovens, os adultos e os idosos têm oportunidade de conviver, estudar e trabalhar, unindo à família sob a orientação do Espiritismo;
– recantos de paz construtiva, que oferecem aos seus frequentadores oportunidades para o refazimento espiritual e a união fraternal pela prática dos “amai-vos uns aos outros”;
– caracterizam-se pela simplicidade própria das primeiras casas do Cristianismo nascente, pela prática da caridade e pela total ausência de imagens, símbolos, rituais ou outras quaisquer manifestações exteriores.