A Lei do Espelho – Sergio Agra
“As pessoas só nos devolvem refletida a forma como nós somos.”
Laurent Gounelle.
“Na hora da raiva adie o encontro”. Li este pensamento que é reconhecido como sendo de Confúcio, célebre filósofo e pensador chinês, há algumas décadas. Atrevo-me a dizer que a autoria desse dito bem poderia ter sido qualquer sujeito à mesa de um boteco enchendo a cara com a mais reles das cachaças, e que o escreveu num guardanapo de papel após ser abandonadopela mulher a quem jamais deixaria de amar, ainda que na verdade ela houvera lhe plantado um vistoso par de cornos sobre a testa.
Cultivei por longo tempo a mágoa resultante do bullying para o qual eu fora o “Escolhido” e ser rotulado de orgulhoso, egóico, narcisista e extremamente vaidoso.
Sei que ainda conservo estes “qualificativos” – afinal não sou um cara extremamente vaidoso? – “qualificativos” estes “descobertos” por quem se diz “orientadora espiritualista”.
Ao ser presenteado em público pela “chuveirada mictória verbal”, minha reação primeira foi a de abandonar o local.Se assim reagisse, aí sim, seria a criança birrenta, egóica, chorona e vitimizada a correr para o aconchego e para a proteção dos supostos braços da mãe internalizada, fazendo-lhe queixas do “crime” cometido por quem diante de sua claque incondicional me lançara ao rosto os “predicados” proferidos.
Seguindo a máxima de Confúcio – ou do bêbado guampudo do boteco –, gestei durantes longos meseseste encontro do teclado do computador com minhas reflexões sobre o pensamento de Sócrates, “Conhece-te a ti mesmo”, o que foi revigorante, não sei se para minha vaidade, meu orgulho ou meu narcisismo.Como me garante meu camaradinha, Friedrich Nietzsche, tremendo porra louca da filosofia contemporânea, “O que não me mata me fortalece”.
Nas reflexões conhecia Lei do Espelho: o que vejo nos outros é na verdade meu próprio reflexo! A lei do espelho se reflete quando afirmamos conhecer muito bem outras pessoas e, na verdade, o que fazemos é projetar sobre elas nossa própria realidade. Quando ocorre essa situação estamos colocando nossa visão projetada de nós mesmos sobre a imagem física da outra pessoa que é captada por nossos próprios sentidos.
A lei do espelho nos mostra que a origem dos nossos sentimentos negativos em relação a alguém está dentro do nosso coração, e não na outra pessoa, ou seja, o que essa lei nos ensina é que os sentimentos têm sua origem no nosso interior, e por isso somos responsáveis por gerir as crenças, as ideias e os maus pensamentos em relação aos outros.
A irritação, habitualmente, é com a própria pessoa, e não com o próximo. Tudo começa e tudo termina em si mesmo, pois a projeção que brinca com a nossa mente, como se a nossa realidade fosse um espelho que nos devolvesse a imagem que estamos gerando.
Na hora de construir cada passo de nosso crescimento pessoal focamos excessivamente nosso interior, quando grande parte do que poderíamos aprender está na verdade no exterior ou em nosso entorno, quando de confiança. Várias lendas e mitos nos ensinam desde a antiguidade que o que vemos nos outros nos revela informações sagradas sobre nós mesmos, como um espelho. Isso estabelece que de algum modo esse aspecto que nos causa desgosto em determinada pessoa existe também em nosso interior.
O tempo de reflexões resultou em verdadeiramente me autoconhecer.Mereço as congratulações e os parabéns: continuo o mesmo egóico, narcisista e extremamente vaidoso, tal e qual a orientadora espiritualista!
Como Carolina, que não viu o tempo passar na janela, somente a claque incondicional da mestra não enxerga!