A máscara x autenticidade – Silma Terra

A máscara x autenticidade - Silma TerraCOLUNA COTIDIANO

A MÁSCARA X AUTENTICIDADE

Inicio a coluna desta semana com uma reflexão de Osho, um filósofo indiano, escritor com pensamento que realmente nos deixa quase perplexos. “Ser autêntico significa ser fiel a si próprio. É um fenômeno muitíssimo perigoso; são raras as pessoas que o fazem. Mas sempre que as pessoas o fazem, elas conseguem. Elas conseguem uma beleza tal, uma graça tal, um contentamento tal que não pode ser imaginado.”  Quando li esta frase, lembrei-me de uma amiga  no qual tivemos um belo embate sobre o tema: autenticidade.

Tudo que é original é dado valor. Couro e pedra preciosa legítimos, uma bolsa de marca, caríssima, original. A autenticidade é exigido de nós, seres humanos, mas  somos seres que usamos muitas máscaras, acredite. Não falo das máscaras dos tempos de pandemia, mas sim máscaras usadas para nos apropriarmos do que não somos. Infelizmente deixamos na infância o que seria natural a todos nós, sermos autênticos sempre.

Como diz Osho são raras as pessoas que o fazem. Ser autêntico é assumir-se com qualidade e defeitos, sem falsidades. Esta minha amiga queixava-se de ser original demais, o que poderiam pensar sendo ela uma formadora de opinião e colunista. Eu insisti com ela que o que jamais poderia deixar de ser era autêntica. Jamais deveria utilizar-se de máscaras, entrar num mundo que não é seu, com medo da sociedade.

Isto me faz lembrar da minha vida. Sempre fui meio espalhafatosa. Cheguei a ouvir que eu deveria saber portar-me dependendo de onde estivesse. Isto para mim significa uma máscara para cada situação. Não sou assim. Sou autêntica numa roda de conversa com amigos, ao me olhar no espelho, ou numa reunião de trabalho.

Falando em espelho, lembrei de Louise L Hay, escritora americana que ensina no livro Você Pode Curar Sua Vida, um exercício para ser praticado diariamente pelo menos por alguns minutos.  Olhar dentro dos seus próprios olhos, dentro deles, sem desviar por três minutos e tecer elogios a si mesmo. Louise narra o quanto é difícil para muitas pessoas, chegando a ponto de ter quem quebrou o espelho.

Está aí o uso de uma máscara, acredito que a principal. A máscara do medo de enfrentar a si mesmo, e isso exige um encontro que pode vir a ser desesperador.  Reconhecer e admitir seus defeitos, falhas, limitações e fracassos, em nome de uma polidez social.  Das pessoas públicas muitas vezes ouvimos; desliga a câmera e você vai ver quem realmente é o fulano(a).

Tenho boas qualidades e a principal é enxergar meus defeitos e incapacidades. Há muitos anos fui aconselhada a fazer o curso de Técnico de Enfermagem. Teria uma carreira sólida e poderia evoluir para quem sabe, talvez, a enfermagem. Iniciei o curso mas após a teoria, fomos colocados de frente à realidade hospitalar. Sequer consegui medir a pressão arterial, auscultar o batimento cardíaco dos colegas, era como se todos estivessem sem vida.  Com as idas ao hospital, confirmou-se que aquele mundo não era para mim. Desisti.

Sempre fui uma pessoa de extrema alegria, que adora conversar, dar risadas, que vive esquecendo algo em algum lugar; jamais poderia assumir uma profissão de técnica de enfermagem; eu esqueceria os remédios, trocaria a medicação de um ou outro paciente, ter que trabalhar de branco todos os dias, ver a dor das pessoas e sofrer. Eu viveria em sofrimento cotidianamente. Não se pode brincar com a vida das pessoas. Eu não insistiria numa profissão apenas pela garantia de emprego e bom salário. Eu sou autêntica demais para isso. E se insistisse eu viveria usando máscara diariamente, eu me anularia, a profissão exige tudo o que não sou.

Ao recuar, duvidar ou desistir estamos sendo nós mesmos, uma verdade, sem nenhum filtro. Uma vida autêntica é inspiradora para todos que nos rodeiam. Ser autêntico é viver sem medo do julgamento.

Muita gente se esforça em ser autêntica sem ter nenhum sucesso porque a autenticidade é um chamado interno, um encontro trágico consigo mesmo. É reconhecer nossos defeitos, fracassos e falhas, é não ausentar-se de si mesmo. Acontece que todo esse fingimento é muito desgastante. Nas frases motivacionais sempre vemos o conselho “seja verdadeiro”. Nos dias atuais nos realitys shows, ouvimos com muita frequência a frase “o importante é que estou sendo eu mesmo”. Ser autêntico incomoda as pessoas, como já disse a maioria usam máscaras e desnudar-se não é para qualquer um.

 Não importa o que aconteça, o que o mundo pensa de você. Viver a vida conforme a sua vontade, trilhar seu próprio destino, expressar-se com pureza e esquecer-se dos nós e arquétipos padrões  pré-estabelecidos a nosso respeito é difícil, é doloroso, não tem nada de glamoroso ou fácil nessa jornada.

A autenticidade é o bem mais precioso que existe, então não perca tempo em querer agradar a sociedade, ou encaixar em algum meio – trabalho, clube, escola, amigos, família – acabamos esquecendo a nossa essência e a vida se torna uma farsa.  Ser  verdadeiro consigo mesmo, não trair a sua essência, esse é o grande barato da vida… e um grande desafio. Desde que não incomode você, seja o que você quiser ser.

#teatirapravida

Silma Terra

Palestrante Motivacional, comunicadora de rádio e televisão, Youtuber e  Bibliotecária de formação.

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Contato – contato@silmaterrapalestras.com.br

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