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A Terra do Nunca não é Aqui!

Permiti-me a umas férias prolongadas. Foram mais de cinquenta dias longe dos teclados do computador, desta página, deste espaço que o Litoralmania, através do seu diretor, Rogério Bernardes gentilmente me reserva. Foi um tempo de “retiro” em que li muito, refleti sobre o real sentido de ser um articulista, um formador de opinião. Fiz uma viagem ao meu eu interior, avaliando-me e se, nesses anos todos em que assino esta coluna, tive mais ganhos do que perdas; se feri a sensibilidade, o brio ou, ou pior, o orgulho de certas, como eu antes diria, “figurinhas premiadas”, se colaborei e sugeri o que ainda percebo ser o caminho para a identidade cultural do nosso Litoral Norte.

Eu tenho cá minha autoavaliação. E é o que unicamente me diz respeito! Se a alguns generosos leitores saudades eu deixei, desconheço. Ninguém, à exceção da gentil Rita, de Tamandaí, se manifestou ou me cobrou: Pô, cara, quando irás voltar a escrever?

Não importa!

O fundamental é que cresci como ser humano, menos preconceituoso, menos julgador, mais condescendente, eu diria. Numa escala de zero a dez, me concedo a nota “três”, ou mesmo um singelo “dois”, o que – pudera! – é um avanço e tanto!

Continuarei a escrever, sim; é o meu oxigênio, o divã de meus passageiros e fortuitos questionamentos existenciais. De um modo que espelhe realmente o meu jeito de ser: Mesmo porque, aqui, ali e acolá, neste Brasil “copeiro”, com o perdão da palavra, a merda está cheirando cada vez pior.

Eu contava oito anos de idade, quando assisti ao filme de animação Peter Pan. Este desenho fora lançado nos cinemas dos Estados Unidos em 1953. Na época, os filmes estrangeiros levavam de dois a três para pipocar nas telas tupiniquins. O filme embalou sonhos e fantasias infantis naqueles meados do Século XX. As menininhas, por supuesto, se apaixonavam pelo menino verde-alface que se recusava crescer. Os garotos nutriam uma paixão protetoral para com a personagem da frágil Sininho, a fadinha do pó de pirllimpimpim.

Ah, doces e ingênuos anos, aqueles cantados por Casimiro de Abreu…

Eis que, de repente, não mais do que de repente, das sombras do ostracismo, regurgita, sob os holofotes das redes sociais e da própria imprensa, para bem mais do que os imerecidos quinze minutos de fama, a Sininho tupi-guarani: a ativista(?) e rebelde sem causa  Elisa Quadros Pinto Sanzi, 28 anos. Filha de pais militantes – até aí, nada mais, afinal, vivemos sob o regime político estado democrático de direito! – omissos, permissivos e que passaram e ainda passam a mão sobre a cabeça da jovem que se diz membro da Frente Independente Popular e da Organização Anarquista Terra e Liberdade e desconhece, sequer, o real sentido das palavras que saem de sua boca, muito menos as intenções trotskistas da caterva: – “Não vamos fazer uma revolução em seis meses, mas colocamos uma plantinha, aos poucos, com luta…”.

Que gracinha! Mas revolução para implantar o que no Brasil? Socialismo? Anarquismo? Ela própria não sabe o que defende.

A mãe, psicóloga(???) Rosoleta Moreira Pinto Stadtlander, uma vez mais repousa a mão sobre a cabeça destrambelhada do rebento ao afirmar que a filha “está fazendo a história e abusos são cometidos pela polícia”.

O velho e enxovalhado refrão de quem não mudo o discurso desde os meados dos anos oitenta. Diz ainda a douta psicóloga “minha filha participa, como outros jovens, de movimentos legítimos”.

Municiar ativistas(?) regiamente pagos com morteiros está amparado pelo manto da legitimidade?

Socorro! Para este mundo que eu quero descer.

Diz, ainda, a lisonjeada “fadinha” dos Black blocs ante o codinome ganho: “Gostei do apelido. É carinhoso. Só não vivo na Terra do Nunca!”.

De fato: Ela não vive na Terra do Nunca. Na terra em que o ex-presidente Nunca mentiu, que Nunca soube da existência de um escandaloso mensalão. Na terra em que a primeira mandatária Nunca gastou o dinheiro das burras da viúva em jantares e hotéis de luxo no estrangeiro. Na terra em que a maioria dos políticos Nunca se corrompeu. Na terra em que os banqueiros Nunca foram agiotas. Na terra em que os grandes empresários Nunca se valeram das benesses dos bancos estatais. Na terra que Nunca poderia sediar uma Copa do Mundo com doze capitais como subsedes dos jogos. Na terra que Nunca haverá de ver a sombra dos benefícios do Pré-Sal.

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