A tesoura da “Dona Solange”
Na pauta, estava a discussão sobre como promover a cultura do livro no Litoral Norte/RS, a possibilidade da produção de livros artesanais, a divulgação da cultura e do livro, entre outros. Foram os idealizadores desse evento Mariza Simon dos Santos, Sérgio Agra, Jorge Fernandes (membros do Conselho Municipal de Cultura de Capão da Canoa) e Artur Pereira dos Santos.
Devido ao êxito do primeiro encontro, e visando evoluir em suas propostas, os seus organizadores marcaram uma segunda reunião para o dia 02 de junho de 2007, tendo por sede, dessa vez, a cidade de Osório.
E aí, deu-se o equívoco fatal! Capão da Canoa, que fora o berço da ideia, e oito de seus membros residirem na cidade, perderia a “paternidade” para Osório!
A par desta “apropriação indébita”, dos inúmeros assuntos tratados, ficou evidente a necessidade de um fortalecimento dos autores locais numa associação de escritores, através da qual pudessem ser captados recursos para a editoração e promoção do livro. Assim, da singela e não obstante verdadeira e discreta designação de Associação travestiu-se esta, “nos finalmentes”, de Academia.
Academia? Editar e publicar livro de receitas culinárias avalizaria o então ingresso de uma chef(?) de cozinha? Em Academia de Escritores admitir-se-ia muitos de seus membros sequer possuírem obras editadas? A singeleza, já o disse, de uma Associação, aí sim, acolheria em seu seio os sonhos e projetos dos autores ainda originais.
Àqueles, outros equívocos foram se sucedendo, culminando por desfigurar a ideia basilar: uma Associação de escritores, através da qual se pudessem captar recursos para a editoração e promoção do livro de escritores ainda inéditos.
Hoje, os então profícuos encontros de escritores se tornaram em caricatas aulas da Escolinha da Professora Raimunda, onde o “aluno” que não fizer a “lição de casa” (coisa mais antiga!) ou se não justificar a ausência é punido com expulsão sumária.
Ora, ora! Eu acreditava que já fôssemos todos grandinhos e responsáveis por nossos atos (inclusive o da impossibilidade de se fazer presente e de “justificar a falta”!). Ressuscitaram das catacumbas da ditadura militar Solange Hernandez, a famosa Dona Solange da Tesoura.
Pelo andar da carruagem, Dona Solange e Dona Escolástica (a diretora da Escolinha) hão de exigir a caderneta de presença assinada pelos pais.
O que vai ter de sepultura escancarada…