Alerta epidemiológico: situação epidemiológica da doença pelo vírus ebola
Desde dezembro de 2013, a África Ocidental vem enfrentando importante surto de Doença pelo Vírus Ebola (DVE), sendo os países mais afetados Guiné, Libéria e Serra Leoa. Nesses países está estabelecida transmissão de pessoa a pessoa. A Nigéria registra pequeno número de casos, a maioria importados. Até 15 de agosto de 2014, foram notificados 2127 casos com 1145 óbitos.
A Organização Mundial da Saúde, pela gravidade da situação epidemiológica da DVE, decretou em 08/08/14 Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional, para alerta dos países e mobilização de recursos para as áreas afetadas.
Nesse sentido, a SES/RS está alertando para a possibilidade de detecção, no Rio Grande do Sul, de casos suspeitos da doença, possivelmente viajantes oriundos das áreas afetadas e divulgando as medidas a serem seguidas.
Importante salientar que o Brasil não registra circulação do vírus Ebola em animais silvestres.
CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA
Período de incubação: 1 a 21 dias, em média 8 a 10 dias
Modo de transmissão: ocorre de pessoa a pessoa por contato direto com sangue, tecidos e fluidos (fezes, vômitos, saliva, sêmen) infectados ou contato indireto com superfícies e objetos contaminados. A transmissão do vírus somente ocorre após o início dos sintomas.
Quadro clínico: início súbito com febre alta, intensa fraqueza, dor de garganta, cefaleia, após alguns dias surgem vômitos e diarreia profusos, exantema, coagulopatia com trombocitopenia, levando a hemorragias internas e externas. Em 3 a 5 dias, o quadro pode evoluir para Insuficiência Renal Aguda, Coagulação Intravascular Disseminada e falência de múltiplos órgãos, ocorrendo óbito em 8-9 dias. Os pacientes que sobrevivem além de 2 semanas apresentam melhor prognóstico.
Letalidade: 60 a 90% dos casos
Tratamento: de suporte à vida, não há tratamento específico ou vacina disponíveis.
AÇÕES DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E ASSISTÊNCIA – DEFINIÇÕES DE CASO
• CASO SUSPEITO: Indivíduos procedentes, nos últimos 21 dias, de país com transmissão atual de Ebola (Libéria, Guiné e Serra Leoa) que apresente febre de início súbito, podendo ser acompanhada de sinais de hemorragia, como: diarreia sanguinolenta, gengivorragia, enterorragia, hemorragias internas, sinas purpúricos e hematúria. No contexto atual, a Nigéria não é considerada como possível origem de casos que venham para o Brasil.
• CASO PROVÁVEL: Caso suspeito com histórico de contato com pessoa doente, participação em funerais ou rituais fúnebres de pessoas com suspeita da doença ou contato com animais doentes ou mortos.
• CASO CONFIRMADO: Caso suspeito com resultado laboratorial conclusivo para Ebola realizado em Laboratório de Referência.
• CASO DESCARTADO: Caso suspeito com resultado laboratorial negativo para Ebola realizado em Laboratório de Referência e classificado como descartado pelo Ministério da Saúde.
• CONTACTANTE: Indivíduo que teve contato com sangue, fluido ou secreção de caso suspeito; OU Dormir na mesma casa; Contato físico direto com casos suspeitos; Contato físico direto com corpo de casos suspeitos que foram a óbito (funeral); Contato com tecidos, sangue ou outros fluidos corporais durante a doença; Contato com roupa ou roupa de cama de casos suspeitos; Ter sido amamentado por casos suspeitos (bebês).
No atual cenário epidemiológico, a detecção mais provável de casos suspeitos de DVE deverá ocorrer nos pontos de entrada em viajantes oriundos das áreas de transmissão da doença.
No caso do RS, embora o Aeroporto Internacional Salgado Filho em Porto Alegre não receba vôos diretamente da África, poderão chegar casos suspeitos a partir de conexões domésticas, além de vôos internacionais provenientes da Europa e América Central. Se forem detectados casos suspeitos de Ebola em avião ou mesmo no aeroporto, será desencadeado protocolo de acordo com normas internacionais da aviação e de acordo com o Plano de Contingência do Aeroporto Salgado Filho.
Por via marítima, temos o porto de Rio Grande e o terminal marítimo da Petrobrás em Tramandaí, para os quais estão sendo elaboradas orientações específicas.
Casos suspeitos também poderão ser detectados em serviços de saúde de todo o Estado fora dos pontos de entrada.
Em qualquer dessas situações, o fluxo de vigilância e assistência proposto é:
• Notificação do caso suspeito: a doença do vírus Ebola é de notificação compulsória imediata, de acordo com a Portaria GM 1271/14 e deve ser notificada imediatamente às autoridades sanitárias:
• Vigilância em Saúde Municipal
• Vigilância em Saúde Estadual:
• e-mail: notifica@saude.rs.gov.br
• Disque Vigilância 150
• Celular de plantão da Divisão de Vigilância Epidemiológica do CEVS: 51 8501-6872
• Vigilância em Saúde Federal: pelo e-mail notifica@saude.gov.br e/ou fone 0800.644.6645;
Contato com o SAMU 192 para realizar o transporte sanitário seguro do paciente até o Hospital de Referência para Ebola: Hospital Nossa Senhora da Conceição – Avenida Francisco Trein, nº 596 – Bairro Cristo Redentor – CEP 91350-200 – Porto Alegre/RS – Fone 51 3357-2000. Conforme a situação, o transporte poderá ser realizado por via aérea;
Diagnóstico laboratorial: deverá ser colhida amostra de sangue para realização de sorologia e/ou PCR para Ebola no Instituto Evandro Chagas no Pará e a responsabilidade do transporte será da SVS/MS, com acompanhamento do Lacen/RS.