Colunistas

Alerta epidemiológico: situação epidemiológica da doença pelo vírus ebola

O vírus Ebola foi identificado pela primeira vez em 1976 no Zaire (atual Congo) e, desde então, tem produzido vários surtos no continente africano, de pequena magnitude e abrangência, mas com alta letalidade. A causa mais provável da contaminação dos seres humanos foi o contato com sangue, órgãos ou fluidos corporais de animais infectados, como chimpanzés, gorilas, morcegos-gigantes, antílopes e porcos-espinhos.

Desde dezembro de 2013, a África Ocidental vem enfrentando importante surto de Doença pelo Vírus Ebola (DVE), sendo os países mais afetados Guiné, Libéria e Serra Leoa. Nesses países está estabelecida transmissão de pessoa a pessoa. A Nigéria registra pequeno número de casos, a maioria importados. Até 15 de agosto de 2014, foram notificados 2127 casos com 1145 óbitos.

A Organização Mundial da Saúde, pela gravidade da situação epidemiológica da DVE, decretou em 08/08/14 Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional, para alerta dos países e mobilização de recursos para as áreas afetadas.

Nesse sentido, a SES/RS está alertando para a possibilidade de detecção, no Rio Grande do Sul, de casos suspeitos da doença, possivelmente viajantes oriundos das áreas afetadas e divulgando as medidas a serem seguidas.

Importante salientar que o Brasil não registra circulação do vírus Ebola em animais silvestres.

CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA

Período de incubação: 1 a 21 dias, em média 8 a 10 dias

Modo de transmissão: ocorre de pessoa a pessoa por contato direto com sangue, tecidos e fluidos (fezes, vômitos, saliva, sêmen) infectados ou contato indireto com superfícies e objetos contaminados. A transmissão do vírus somente ocorre após o início dos sintomas.

Quadro clínico: início súbito com febre alta, intensa fraqueza, dor de garganta, cefaleia, após alguns dias surgem vômitos e diarreia profusos, exantema, coagulopatia com trombocitopenia, levando a hemorragias internas e externas. Em 3 a 5 dias, o quadro pode evoluir para Insuficiência Renal Aguda, Coagulação Intravascular Disseminada e falência de múltiplos órgãos, ocorrendo óbito em 8-9 dias. Os pacientes que sobrevivem além de 2 semanas apresentam melhor prognóstico.

Letalidade: 60 a 90% dos casos

Tratamento: de suporte à vida, não há tratamento específico ou vacina disponíveis.

AÇÕES DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E ASSISTÊNCIA –  DEFINIÇÕES DE CASO

• CASO SUSPEITO: Indivíduos procedentes, nos últimos 21 dias, de país com transmissão atual de Ebola (Libéria, Guiné e Serra Leoa) que apresente febre de início súbito, podendo ser acompanhada de sinais de hemorragia, como: diarreia sanguinolenta, gengivorragia, enterorragia, hemorragias internas, sinas purpúricos e hematúria. No contexto atual, a Nigéria não é considerada como possível origem de casos que venham para o Brasil.

• CASO PROVÁVEL: Caso suspeito com histórico de contato com pessoa doente, participação em funerais ou rituais fúnebres de pessoas com suspeita da doença ou contato com animais doentes ou mortos.

• CASO CONFIRMADO: Caso suspeito com resultado laboratorial conclusivo para Ebola realizado em Laboratório de Referência.

• CASO DESCARTADO: Caso suspeito com resultado laboratorial negativo para Ebola realizado em Laboratório de Referência e classificado como descartado pelo Ministério da Saúde.

• CONTACTANTE: Indivíduo que teve contato com sangue, fluido ou secreção de caso suspeito; OU Dormir na mesma casa; Contato físico direto com casos suspeitos; Contato físico direto com corpo de casos suspeitos que foram a óbito (funeral); Contato com tecidos, sangue ou outros fluidos corporais durante a doença; Contato com roupa ou roupa de cama de casos suspeitos; Ter sido amamentado por casos suspeitos (bebês).

No atual cenário epidemiológico, a detecção mais provável de casos suspeitos de DVE deverá ocorrer nos pontos de entrada em viajantes oriundos das áreas de transmissão da doença.

No caso do RS, embora o Aeroporto Internacional Salgado Filho em Porto Alegre não receba vôos diretamente da África, poderão chegar casos suspeitos a partir de conexões domésticas, além de vôos internacionais provenientes da Europa e América Central. Se forem detectados casos suspeitos de Ebola em avião ou mesmo no aeroporto, será desencadeado protocolo de acordo com normas internacionais da aviação e de acordo com o Plano de Contingência do Aeroporto Salgado Filho.

Por via marítima, temos o porto de Rio Grande e o terminal marítimo da Petrobrás em Tramandaí, para os quais estão sendo elaboradas orientações específicas.
Casos suspeitos também poderão ser detectados em serviços de saúde de todo o Estado fora dos pontos de entrada.

Em qualquer dessas situações, o fluxo de vigilância e assistência proposto é:

• Notificação do caso suspeito: a doença do vírus Ebola é de notificação compulsória imediata, de acordo com a Portaria GM 1271/14 e deve ser notificada imediatamente às autoridades sanitárias:

• Vigilância em Saúde Municipal

• Vigilância em Saúde Estadual:

• e-mail: notifica@saude.rs.gov.br

• Disque Vigilância 150

• Celular de plantão da Divisão de Vigilância Epidemiológica do CEVS: 51 8501-6872

• Vigilância em Saúde Federal: pelo e-mail notifica@saude.gov.br e/ou fone 0800.644.6645;

Contato com o SAMU 192 para realizar o transporte sanitário seguro do paciente até o Hospital de Referência para Ebola: Hospital Nossa Senhora da Conceição – Avenida Francisco Trein, nº 596 – Bairro Cristo Redentor – CEP 91350-200 – Porto Alegre/RS – Fone 51 3357-2000. Conforme a situação, o transporte poderá ser realizado por via aérea;

Diagnóstico laboratorial: deverá ser colhida amostra de sangue para realização de sorologia e/ou PCR para Ebola no Instituto Evandro Chagas no Pará e a responsabilidade do transporte será da SVS/MS, com acompanhamento do Lacen/RS.

Comentários

Comentários