Aluguel caro leva famílias a dividirem domicílio
O maior problema das metrópoles, em relação à moradia, são os altos custos dos aluguéis em comparação ao nível de renda da população. O problema leva à coabitação de mais de uma família em um mesmo domicílio, ao comprometimento de parcela excessiva dos ganhos dos trabalhadores e à busca por assentamentos precários.
A avaliação foi feita ontem (21) pela coordenadora de Estudos Setoriais Urbanos do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Maria Piedade Morais, ao apresentar a última parte das análises preliminares do instituto sobre os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007.
“Dada a pressão da grande densidade da população sobre o solo, a moradia é muito cara. Temos aí o adensamento excessivo, o aluguel está caro demais, as famílias são obrigadas a coabitar com outras, e a moradia cara acaba gerando também mais assentamentos informais”, explicou.
A pior situação em relação aos gastos excessivos das famílias com a moradia, segundo o Ipea, é a de Brasília. Na capital federal, a oferta restrita de imóveis, aliada ao mais alto nível de renda das regiões metropolitanas do país, contribui para elevar os preços dos aluguéis, fazendo com que 7% das famílias gastem mais de 30% da renda com moradia.
A escassez de moradias que gera altos preços dos aluguéis e de imóveis para compra também está entre os principais problemas apontados por Maria Piedade para cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo. “É preciso investir mais em moradia de aluguel. É preciso aumentar a oferta de imóveis, seja para compra, seja para arrendamento.”
No país, o problema do gasto excessivo com pagamento de aluguel atinge 3,4% da população urbana, cerca de 5,4 milhões de pessoas, comprometendo a possibilidade de gastos com saúde, educação e lazer.
Em relação ao adensamento, a análise do Ipea apontou que 12,3 milhões de pessoas – o que corresponde a 7,8% da população urbana – moram em domicílios com superlotação, numa densidade superior a três pessoas por cômodo usado como dormitório. De acordo com o estudo, a maior incidência de adensamento, em termos relativos, foi observada em Belém.
O levantamento também mostrou que mais de 14 milhões de brasileiros vivem em favelas ou em situação de irregularidade fundiária em áreas urbanas.