Ameaçado de isolamento Franco faz discurso conciliador
Foi a primeira entrevista coletiva de Franco apenas duas horas depois de ser empossado. Ele respondeu a sete perguntas, abordando temas internos e externos, além de anunciar os nomes de três integrantes de sua equipe de governo. Foram anunciados os nomes dos ministros do Interior, Carmello Caballero, e das Relações Exteriores, José Félix Fernández, além do chefe da Polícia Nacional, Aldo Pastore.
“Para os presidentes do Mercosul, quero dizer que compreendam a situação. Vamos fazer um esforço para normalizar”, disse o novo presidente. “O importante para nós é manter uma boa relação com os países vizinhos”, acrescentou, deixando em aberto se pretende participar da reunião de Cúpula do Mercosul, em Mendoza, na Argentina, na próxima semana.
Franco enfatizou, pelo menos três vezes, que o governo segue e respeita a Constituição do Paraguai. A afirmação é uma resposta à União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que levanta dúvidas sobre a legitimidade do processo de destituição de Lugo, como foi conduzido e a rapidez da ação. Nas ruas de Assunção, a capital paraguaia, os simpatizantes de Lugo também suspeitam do processo que o retirou do poder.
Porém, em sua entrevista, Franco optou por um tom mais conciliador e menos combativo. “A coisa mais importante a fazer é ficar no país para organizar a casa”, disse. Na tentativa de desfazer mal-entendidos, ele acrescentou que a imprensa tem papel fundamental, inclusive o de tranquilizar as pessoas”.
No entanto, o novo presidente foi categórico ao dizer que pretende combater de forma instransigente o grupo guerrilheiro Exército do Povo Paraguaio (EPP), pois o considera fora da lei. Segundo ele, da mesma forma agirá com aqueles que transgridem a legislação. “A tolerância será zero com quem está à margem da lei”, disse.
Franco mencionou o tema mais delicado da política interna paraguaia, que acabou agravando a manutenção de Lugo no poder – o apoio aos camponeses e à reforma agrária. O novo presidente disse que o tema é prioridade para ele e que associará reforma agrária à industrialização e à melhoria da qualidade de vida no campo. “É preciso garantir escolas e saúde, além de condições adequadas, para que as pessoas queiram ficar no campo”.