Amorim reitera direito do Irã desenvolver programa nuclear
A conversa do subsecretário de Estado para Assuntos Políticos norte-americano, William Burns, com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, foi dominada pela questão do programa nuclear do Irã. Amorim reiterou que a intenção do governo brasileiro é buscar um acordo para evitar o isolamento na comunidade internacional do governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, segundo autoridades que acompanharam a reunião.
Burns e Amorim conversaram por cerca de uma hora. No encontro, o chanceler brasileiro reafirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a aproximação com o Irã e o direito de Ahmadinejad de desenvolver um programa nuclear desde que para fins pacíficos. Mais uma vez Amorim indicou a disposição brasileira em atuar na interlocução do Irã com o restante da comunidade internacional.
De acordo com assessores que acompanham o assunto, Amorim reiterou que o Brasil é favorável às pesquisas na área nuclear e a não proliferação de armas. Os diplomatas informaram que não houve um pedido direto do governo do presidente Barack Obama para o Brasil mudar de posição em relação ao Irã.
A visita de Burns antecede a vinda, no próximo dia 3, da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton. A previsão é que no segundo semestre Obama venha ao Brasil. Porém, ao deixar Washington rumo a Brasília, o subsecretário veio com a intenção de obter o apoio brasileiro em relação à aplicação de sanções contra o Irã, de acordo com informações de assessores do Departamento de Estado norte-americano.
Os Estados Unidos contam com o apoio da Rússia, da China, da Inglaterra, da França e da Alemanha na campanha pela aplicação das sanções contra o Irã pela suspeita de que o enriquecimento do urânio a 20% tenha o objetivo de fabricar armas nucleares. O governo do Irã nega as suspeitas.
O representante do Brasil na Conferência sobre Desarmamento nas Nações Unidas, o embaixador Luiz Filipe de Macedo Soares, defendeu a proibição de produção de armas nucleares em todo o mundo. Não mencionou diretamente o Irã, mas afirmou que deve haver um esforço coletivo para não proliferação de armamentos.