Argentina investiga se brasileiros participaram de roubo a cofres
“Só posso confirmar que a Polícia Federal brasileira percebeu que a ação dos criminosos aqui pode ter sido similar à que ocorreu no Brasil e acionou a Policia Federal argentina”, disse o promotor do caso, Martín Niklison.
A adida da Polícia Federal na Embaixada do Brasil na capital argentina, a delegada Miranjela Leite, disse que o planejamento dos bandidos foi semelhante ao empregado no roubo do Banco Central, em Fortaleza.
“O modus operandi foi similar ao usado em Fortaleza. E o interesse da Policia Federal brasileira ocorre também porque alguns suspeitos daquele caso não foram presos e os que foram presos já foram liberados”, afirmou a delegada. Ela lembrou que até hoje grande parte do valor roubado, estimado em mais de R$ 160 milhões, não foi recuperado.
A delegada confirmou que um agente da Polícia Federal brasileira chegará a Buenos Aires no início da próxima semana com provas, como digitais e exames de DNA, que envolveram os ladrões brasileiros no roubo em Fortaleza. As polícias do Brasil e da Argentina vão comparar o material com o que reúnem os investigadores argentinos. “Será um intercambio de informações”, disse Leite.
Em Buenos Aires, como em Fortaleza, os envolvidos alugaram um ponto ao lado do banco, cavaram um túnel durante meses e retiravam a areia de forma simulada do local. Na capital argentina, o túnel de 30 metros foi cavado durante seis meses, período no qual alugaram uma loja ao lado do banco.
A polícia investiga o fato de que os ladrões passaram várias horas dentro da
área onde estão os cofres. O alarme teria sido acionado, mas ninguém desconfiou que fosse um roubo. Câmeras de segurança de uma pizzaria próxima à agência registraram quando eles deixaram o local e caminhavam para um carro, já com rostos descobertos, carregando sacolas com o que furtaram dos cofres. As imagens fazem parte da investigação policial e judicial da Argentina.
A delegada afirmou ainda que, em alguns casos, as quadrilhas da região têm agido conjuntamente e por isso os países do Mercosul assinaram, em 1999, um acordo na área de segurança que prevê a troca de informações. A Polícia Federal argentina também pediu apoio à Interpol, com escritório na capital do país, para localizar os ladrões do Banco Província, ligado ao governo da província de Buenos Aires.
Além do Banco Central do Brasil, em Fortaleza, ladrões podem ter usado o mesmo planejamento na tentativa de assalto ao Banrisul, em Porto Alegre, em 2006, onde cavaram, segundo autoridades policiais, um túnel de 80 metros, mas foram flagrados quando ainda faltavam 12 metros para chegar aos cofres.
Fato similar teria ocorrido recentemente em Assunção, no Paraguai, cujas investigações também contaram com o apoio da Polícia Federal brasileira.