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Arrozeiros não aceitam tentativa de suspender plantio do arroz às margens do rio dos Sinos

Numa iniciativa da Associação dos Arrozeiros de Santo Antônio da Patrulha, mais de 40 produtores de arroz que plantam às margens do rio dos sinos estiveram reunidos no Centro de Convenções Qorpo Santo na noite de 11 deste mês para debater a situação crítica provocada pela decisão do Comitê Sinos de suspender a retirada d’água do rio que abastece o Vale do Sinos e de tentar suspender o plantio de arroz às suas margens.

O deputado federal Ronaldo Zulke esteve presente ouvindo atentamente as manifestações dos arrozeiros e reconhecendo a importância que aquela atividade econômica representa. Defendeu a necessidade de busca de uma solução porque caso contrário, todos os anos o problema irá se repetir.

Zulke apoiou a idéia de que seja elaborado projeto de açudagem e de barragens e levado ao governador do Estado. O parlamentar disse ter certeza de que Tarso Genro irá ouvir com atenção os lavouoreiros a respeito do posicionamento sobre a decisão tomada pelo Comitesinos. Zulke prometeu apoiar os produtores e se comprometeu a ajudar na busca de recursos junto à órbita federal. Lembra o parlamentar que não apenas os arrozeiros retiram água do rio, mas também as indústrias, além do que, salientou a necessidade de assegurar água em ótimas condições de potabilidade para abastecer os mais de um milhão de habitantes do Vale.

Já em relação à posição do prefeito Ari Vanazzi que liderou o documento que prejudica a atividade arrozeira, o deputado Ronaldo Zulke disse que “a decisão dele (Vanazzi) não expressa a opinião do Partido (PT), até porque ele nunca conversou conosco sobre o assunto e a forma como ele está se conduzindo não é a mais adequada”.

O prefeito Daiçon Maciel da Silva enfatiza a importância econômica que a lavoura arrozeira representa para a economia de Santo Antônio defendendo a necessidade de que se encontre uma solução para o impasse surgido, pois salienta que não pode ser aceita uma decisão unilateral de proibição de uma atividade econômica que existe há mais de cem anos na região. “Jamais poderei permitir que a produção de arroz deixe de existir”.

Lembra o prefeito que não são apenas os arrozeiros que se utilizam da água do rio, mas também as indústrias, incluindo os curtumes. “A indústria também consome e esses dados são irrefutáveis”.

Na opinião dos arrozeiros do Litoral Norte, responsáveis por significativa fatia do PIB e do retorno de ICMS de diversos municípios da região, o rio serve a todos os segmentos que fazem bom uso de seus recursos. Especialmente quando este lhe devolve a água em melhores condições que captou.

Lideranças como o presidente da Câmara vereador João Luiz Moreira da Silva, ao representante da Federarroz Luiz Carlos Machado, o técnico Flademir Schmith da Emater e o chefe do escritório regional do IRGA, engenheiro agrônomo José Galego Tronchoni também usaram da palavra defendendo o direito do produtor de tentar continuar plantando às suas margens.

ORIZICULTURA

Lembra o presidente da Associação dos Arrozeiros que a orizicultura está inserida nas várzeas do Rio dos Sinos há 110 anos. “E nos últimos cinco, utiliza tecnologias para racionalizar água e aumentar a produtividade, num investimento de R$ 1,7 mil por hectare de lavoura em sistematização de solos e equipamentos que reduzem a 50% o consumo”. Acrescenta Zuênio Thomazi ter sido esse o único setor a investir tanto e tomar atitudes para reduzir o uso de água e colaborar para que a vazão do rio sirva com maior eficiência à crescente demanda da população regional.

“Devemos elogiar o trabalho realizado pela Corsan, inclusive socorrendo municípios vizinhos com abastecimento de água tratada, que até o momento (11 de janeiro de 2012) não gerou problema algum aos pontos de captação no Vale dos Sinos. Isso porque a empresa fez investimentos antecipados e planejamento estratégico, preparando-se para o verão com previsão de estiagem”.

O dirigente arrozeiro também parabeniza o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos por sua conduta até o momento, como fórum legítimo de discussão técnica entre os usuários do manancial. Estudo do Irga mostra que se o Rio do Sinos baixa à vazão de 16 metros cúbicos por segundo, a captação das companhias de abastecimento, lavouras de arroz e indústrias consome sete metros cúbicos por segundo, restando nove metros/s para desaguar no Guaíba. “Essa vazão não consegue arrastar o volume de esgotos e resíduos industriais não tratados jogados no rio. E isso, sim, é um alto risco para a mortandade de peixes e à saúde humana.A lavoura de arroz não mata os peixes! Pelo contrário, oferece a eles um refúgio para reprodução, e os devolve ao manancial para completarem o seu ciclo de vida”.

Thomazi deixa claro que os arrozeiros “sabem a exata dimensão de seus direitos e têm argumentos técnicos que embasam suas afirmações. Algo que falta a quem quer acabar com a lavoura. Ao invés de acusações que desviam o foco do problema, é preciso neste momento unir esforços entre os atores deste processo para buscar recursos e meios que resolvam definitivamente este problema”. Caso contrário, na próxima estiagem teremos problemas ainda maiores, pois a demanda pela água e as populações da região metropolitana continuam crescendo, finaliza.

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