Brasil critica recuo nas negociações em Honduras
A chanceler de Honduras, Patricia Rodas, denunciou a existência de “estado de repressão”. Segundo ela, as próximas horas serão decisivas. Rodas levantou dúvidas sobre a possibilidade de cumprir um acordo político. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza, detalhou, durante o encontro de ontem, que o presidente de Honduras, Roberto Michelletti, havia anunciado a criação de um governo transitório.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e os chanceleres que participam da 28ª Reunião Ministerial do Grupo do Rio, em Montego Bay (Jamaica), divulgaram documento condenando o recuo nas negociações.
“O que está em jogo é a democracia no continente e a credibilidade do sistema interamericano”, afirmou Amorim, no seu discurso. O chanceler se referiu ao acordo, firmado em 30 de outubro, com apoio das Nações Unidas, dos Estados Americanos e de outros organismos internacionais. “É indispensável o retorno de Zelaya em tempo hábil. O Brasil e muitos países da região não reconhecerão eleições sem que isso ocorra.”
Assim como Amorim, os chanceleres da Argentina, Venezuela e de Cuba foram contundentes nas suas intervenções. A presidente da reunião de ministros, a chanceler mexicana, Patrícia Espinosa, afirmou que a manifestação conjunta seria fundamental para consolidar a posição dos países em defesa da busca pela manutenção do acordo de outubro e o fim do impasse em Honduras.
O chamado Grupo do Rio é um mecanismo de coordenação política que reúne 24 países. Ainda hoje (6) os chanceleres se reúnem, mas com foco em questões, como as bases militares norte-americanas na Colômbia e as reações recentes do governo venezuelano.
Há 46 dias, Zelaya e um grupo de simpatizantes estão abrigados na embaixada do Brasil em Tegucigalpa (Honduras). A posição brasileira gerou polêmica e críticas. Mas em decorrência desta decisão, o governo do Brasil se mantém em defesa do retorno do presidente deposto ao poder e contrário a quaisquer atos associados à tentativa de golpe político.