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Buscar o diferente: uma arte de poucos

“Depois de escalar o Kilimanjaro, cruzar o Saara e viver muitas outras aventuras radicais, o jornalista, escritor e fotógrafo Airton Ortiz poderia encarar seus dias de patrono da 60ª. Feira do Livro de Porto Alegre como um ameno passeio. Não está sendo assim. O evento começa na próxima sexta-feira, mas o novo patrono já está envolvido em polêmica: tem sido criticado por ter editado, nos anos 1980, o livro Brasil Sempre, que defendia o golpe de 1964.

Ortiz também é um dos grandes responsáveis pela popularização da literatura de viagens no Brasil. Ele conquistou o mercado editorial brasileiro com mais de uma dezena de títulos sobre suas jornadas pelo mundo – o mais recente sobre Paris”.

Este é o lead, – em jornalismo, a primeira parte de uma notícia, geralmente posta em destaque relativo, que fornece ao leitor a informação básica sobre o tema e pretende prender-lhe o interesse – de uma entrevista publicada em ZH com Patrono Airton Ortiz.

Não pretendo entrar no mérito da discussão por ter sido ele o editor de tão polêmica obra em defesa do regime de exceção, que grassou o estado democrático de direito no Brasil por mais de vinte anos. Chamou-me, isto sim, a forma certeira como ele define o viajante brasileiro, ao afirmar que este não viaja para ver aquilo que não tem aqui.

O turista brasileiro,na sua grande maioria, viaja, segundo o jornalista e escritor, para ver o que tem aqui, para comer o que comeria aqui, para comprar o que compraria aqui, beber o que beberia aqui, fumar o que fumaria aqui, quando o ideal seria para se surpreender, para entrar em contato com o diferente. O viajante brasileiro, sobretudo o menos experiente viaja para Paris, Nova York e Miami.A frase lapidar de Ortiz, no entanto, é a de que “o brasileiro viaja, sobretudo, para impressionar o vizinho”.

As redes sociais, infestadas pelos selfies, que o digam!

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