Carminha jogou a merda no ventilador da Globo

Nas noites das segundas-feiras do ano de 1960, a TV Piratini apresentava, ao vivo, o que viria a ser o berço, o antecessor da telenovela brasileira, o Grande Teatro Philips, com temas densos e dramáticos exibindo muitos figurantes e cenários elaborados.

Ao mesmo tempo em que o telespectador assistia em sua casa a uma cena de teleteatro, atores revezavam-se na frente das câmeras. Erros ou esquecimentos eram resolvidos no improviso. Não existia o videotape. O Teleteatro trouxera para o vídeo os profissionais do Teatro Amador e das rádios novelas, como Ernani Behs, Linda Gay, Lilian Lemmertz, Mariza Fernandes, Gudi Edmunds, Rosa Maria, Ivete Brandalise e tantos outros.

A linguagem televisiva era circunspecta, fiel, pois, aos originais na qual a novela se baseava: “O Morro dos Ventos Uivantes” e “O Direito de Nascer” (esta já na era do videotape).

Como show business, a televisão não pode estacionar no tempo: evolui a cada dia em tecnologia, oferecendo som em Dolby Stereo e imagens tridimensionais de primeiríssima qualidades; concomitantemente, atualizam-se as linguagens verbal e gestual, sobretudo, na teledramaturgia. Os diálogos cerimoniosos, bem comportados, o primeiro e recatado beijo entre o par romântico vivido por Vida Alves e Walter Foster em “Sua Vida me Pertence”, o tempo excessivamente logo (quase quatro meses) que o avô moribundo vacilou para dizer que Albertinho Limonta era seu neto e não filho de Mamãe Dolores, em “O Direito de Nascer”, não sobreviveriam nos dias atuais.

As cenas de cama (belíssimas, diga-se de passagem), eróticas, apenas insinuadas em média luz e ao som de música incidental apropriada ao momento e à trama, vivenciadas nas novelas da década de oitenta e início dos anos noventa, são acervos do baú de memórias.

“Gabriela” e “Avenida Brasil” (que tem seus capítulos finais nesta semana) são notórios exemplos do exercício das novas linguagens. As tórridas cenas de sexo nas alcovas do Bataclã, até o final do século passado ainda fariam corar frade franciscano. A novela “Avenida Brasil” foi pródiga em cenas de adultério, poligamia, “pulação de cerca” e mau caratismo. Maxwell e Carminha (bem como outras personagens do folhetim) esbanjaram o diálogo rasteiro, vulgar e escrachado do suburbano carioca da Zona Norte.

Vocabulário este, no entanto, fidelíssimo à condição das personagens. Carminha jogou a merda no ventilador e “perfumou” até o telespectador, mesmo aquele que (em vão, sem convicção alguma, é claro!) argumentava “só assisto de passagem”.

A Rede Globo é fiel ao seu objetivo fim: emburrecer e prostituir cada vez mais o telespectador brasileiro. Fosse apenas isso, daríamo-nos por conformados. No entanto, a Rede do Grande Irmão, a Venus Platinada, enfim, é adepta ao pragmatismo de Sun Tzu (544 a.C. – 456 a.C.) general, estrategista e filósofo chinês. conhecido por sua obra A Arte da Guerra, composta por 13 capítulos de estratégias militares. São do General as teorias abaixo com as quais a cúpula global, ante o altar do Demo, exorta as afiliadas:

“Preparar iscas para atrair o inimigo, fingir desorganização e depois esmagá-lo…Quando perto, fazer ele acreditar que estamos longe. Quando longe, vice-versa… Se ele for superior, evite combate. Se ele for temperamental, procure irritá-lo. Finge estar fraco, ele se tornará arrogante. Se ele estiver tranquilo, não lhe dê sossego. Ataque onde e quando ele se mostrar despreparado. Apareça quando não estiver sendo esperado”.

Assim, se Carminha surtou, mandando tudo à merda, não estamos muito longe de sermos apáticos espectadores do palavrão dos mais chulos e da pornografia explícita em horário nobre!

Salve Jorge!

Comentários

Comentários