Ciclovias e Vias Reversas

Outro dia, assistindo uma reportagem sobre as ciclovias e ciclo faixas em Porto Alegre fiquei preocupado sobre qual modelo, afinal, teríamos em Osório. Na capital, pelas imagens mostradas, as ciclo faixas são demarcações pintadas junto à calçada, em vermelho, demarcadas com listras contínuas em branco, sobre as quais não podem haver estacionamento de carros. Como o nome já diz, são ‘faixas’ para bicicletas. Ciclovias, por definição, precisam ser reservadas para fluxo em mão dupla de bicicletas, com acesso preservado por um cordão de calçada ou outro tipo de muramento que preserve a segurança dos que ali trafegam e haja um bloqueio para que carros não acabem invadindo este espaço.

Em Osório, confesso, ainda não entendi qual modelo será adotado. Temos um concreto pintado de cor-de-rosabebê cobrindo os antigos canteiros nas avenidas General Osório, Ildefonso Simões Lopes e Marcílio Dias. Como é no meio da pista, poderíamos entendê-la como Ciclovias, com fluxo em mão dupla. Há, porém, o dificultador que tais pistas estão sendo construídas sem a retirada dos obstáculos (postes, cabos, orelhões, etc), e isto vai significar um risco em potencial para os ciclistas. Claro que alguém vai alegar que termos as ciclovias já está bom, que não precisa gastar retirando postes, etc… E eu digo que exatamente por termos um orçamento do tamanho que Osório tem é que não justifica fazerem-se ciclovias pela metade. Isso vai fazer com que um próximo gestor refaça a mesma obra pra consertar o que está sendo feito, sem planejamento e de forma equivocada.

A Prefeitura de Osório está investindo recurso público nestas ciclovias. Ou seja, o meu imposto, o seu, de todos nós que moramos em Osório. Portanto, é muito natural que as pessoas estejam questionando o porquê de uma ciclovia com postes no meio, com um traçado que leva para um lugar onde praticamente não há circulação de bicicletas, a exemplo da Av General Osório, quando o que se esperava era a ligação bairro centro, etc… Como eu não conheço todo o projeto, vou aguardar mais um pouco, pra confirmar se a ciclovia vai, efetivamente, descer a Rua João Sarmento, ou a sete de setembro, etc.

O que não podemos concordar é que continuemos a ter obras nos moldes da duplicação da RS 030, que já poderia ter tido a previsão de ciclovia, que poderia ter tido melhores calhas para as chuvas e, principalmente, deveria ter contemplado a PASSARELA do bairro popular, demanda histórica, pelo número enorme de acidentes com vítimas fatais que já ocorreram naquela rotatória. Fizeram uma obra caríssima e com pendências para que se gaste ainda mais para consertar. Porque não se pensou melhor e com mais profundidade? Porque não houve consulta popular? Da mesma forma, ocorre na urbanização da Lagoa do Marcelino, cujo projeto também não contemplou ciclovias, nem o skate parque, e que até agora não instalaram um playground para que as crianças não brinquem com os equipamentos de ginástica da academia ao ar livre.

Aqui não estamos fazendo uma crítica às ciclovias, tão esperadas e tão necessárias. O que estamos criticando é a fragilidade dos projetos que estão sendo preparados a toque de caixa, sem um bom planejamento. Recurso público é para ser aplicado de forma bem planejada, para longo prazo. Com responsabilidade e com a sua funcionalidade compatível com a necessidade do contribuinte. Obras às vésperas de campanha eleitoral não podem ser atropeladas, colocando a qualidade em segundo plano.

A única coisa que os ciclistas de Osório merecem é segurança para deslocar de casa para o trabalho e vice versa. Ninguém vai me convencer que as ciclovias com cabos de aço (stais) e postes, vão ser seguras. Em dezenas de pontos a largura que sobra entre o poste e a pista é bem menor do que os 80 cm exigidos por lei. Na rua que liga a ciclovia da Av General Osório com a da Av Marcílio Dias, que foi feita no Passeio Público, tem pontos de 30 cm apenas, o que impossibilita passar um ciclista, caso haja um carro estacionado. Aliás, naquela rua, os carros estão estacionando sobre a dita ciclovia. E na hora que for aprovado aquele loteamento, os moradores não vão ter calçadas, ou a Prefeitura vai ter que deslocar a ciclovia. Ou seja, estão fazendo um remendo pra concertar muito em breve.

Sem dúvida alguma as novas ciclovias representarão mais segurança do que a situação de hoje, mas se é pra gastar, que se gaste de forma coerente e se façam ciclovias como Osório merece. Não pela metade.

Mas não esqueçam de que será necessária uma campanha educativa para orientar ciclistas e skatistas sobre as formas corretas de se trafegar na ciclovia e aos motoristas e pedestres, sobre os cuidados necessários. Tenho visto com muita freqüência, na Av Marcílio Dias, que não possui passeio público, o uso da ciclovia feito por pedestres. Sem informação não haverá o respeito necessário entre todos os agentes envolvidos.

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