conversando_448x336A Prefeitura de Torres, através da Secretaria Municipal da Cultura e do Esporte, realizou na última quinta-feira, 26 de março, o 9º Conversando com a História. Com o tema “Caminhos para Torres”, a atividade ocorreu no Centro Municipal de Cultura, no intuito de resgatar a história das principais vias de acesso entre Torres e outras localidades. Participaram desta edição o vice-prefeito do município, Ildefonso Brocca, o ex-motorista de diversas empresas de ônibus Manoel Pedro Cardoso, o ex-motorista Ilino Dalberto, mais conhecido como Heleno e como mediador o historiador Rafael Frizzo.

O historiador apresentou um relato de seus estudos “Paisagens Perdidas”, fazendo um resgate histórico sobre os caminhos e estradas e as suas relações com a urbanização e ocupação do litoral, sobretudo Torres. Através de mapas históricos do professor e historiador Ruy Ruben Ruschel, Frizzo mostrou os caminhos dos povos indígenas e quilombolas incorporados pelos colonos e transformados na atualidade em estradas. O caminho para Torres mais antigo era através das praias, utilizado até os anos 60. Na Itapeva o percurso era realizado pelo cômoros de areia, pois o mar na época era mais “alto”. O mediador salientou que 2015 é o aniversário de 200 anos da passagem do bispo Dom José Caetano da Silva Coutinho pelo município. O bispo foi quem autorizou a construção da igreja São Domingos.

O vice-prefeito, Idelfonso Brocca, morador da Vila São João desde 1964, presenciou a construção da BR 101. Brocca realtou sobre a sua primeira vinda a Torres, de bicicleta, saindo da Vila Brocca, hoje município de Mampituba. O vice-prefeito também comentou do Linha Seca, um “caminhãozinho” que trazia pessoas do interior para o centro de Torres, mas somente quando não chovia.

Já o ex-motorista Manoel Pedro Cardoso falou sobre como fazia a rota de ônibus pela praia. Para passar o Rio Tramandaí era apenas através de balsa. Para chegar à Florianópolis, Cardoso levava mais de 24h. A empresa Jaeger foi a primeira a fazer a trajetória Porto Alegre/Torres, com linhas de ônibus nas terças-feiras, quintas-feiras e domingos. O ex-motorista lembrou que muitas vezes não conseguia prosseguir a viagem devido a grande quantidade de maçambique e marisco branco nas praias.

O também ex-motorista Ilino Dalberto (Heleno), iniciou na empresa de ônibus Hoffman, em 1955 e em 1961 já fazia a linha Caxias do Sul/Torres através da Rota do Sol, quando a estrada ainda não era asfaltada. Heleno falou sobre os perigosos e as belezas do trajeto e como realizou o percurso a pé, somente para provar que era possível. Certa vez precisou amarrar uma árvore ao ônibus para descer a serra, pois estava sem freios. Era ele quem trazia frangos de granja para os Hotéis Riter e Farol e também para as churrascarias, levando quase seis horas quando a estrada apresentava boas condições. Heleno também fazia as vezes de correio, transportando cartas de namorados na década de 70.

Da plateia, João Almeida foi convidado a compor a mesa. Lembrou que foi cobrador de ônibus, inclusive fazendo dupla com o ex-motorista Cardoso e no trajeto Torres/Florianópolis, algumas vezes ficava até duas noites em hotel, pois o mar não permitia a passagem, e todos os passageiros sabiam desse risco.

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