Colunistas

Delalves Costa, um poeta a afrontar a enfinge IV

Parte IV – Resenha comentada – Luis Nicanor

Em CARROSSEL DE ÍNTIMOS MÓTEIS, citaremos os últimos versos:
 
Carrossel de íntimos motéis
– Mal reconhece o pouso! –
N’olhar que a (despe)ja.

Neste poema o autor usa os recursos concretistas, onde os elementos básicos da linguagem, no espaço gráfico, são organizados ótico-acusticamente; seria o uso do desenho da palavra, do uso do ideograma.

Começa com cortes em barras e desmembramento de palavras com parêntesis, como a que citamos: N’olhar que a despeja, que a despe, que a despe já.

Em (TÃO-SÓ), segundo poema:

Em consolo à velhice visto meus anos…
Às tímidas lembranças
Em luto à criança dispo meus passos
Aos íntimos tropeços.

Nas lágrimas não ouço meus olhos!…
(Tão-Só)
– anoiteço no bolso das manhãs.

O eu-poeta declara que para se consolar da velhice, veste seus anos, mas em luto à criança que já foi, despe seus passos aos íntimos tropeços. Não é mais criança, mas tenta se consolar da velhice.

Depressivo pela realidade de estar tão só e o tempo passando, nas lágrimas não ouve seus olhos, uma metáfora sinestésica; e no bolso das manhãs, mal começa nascer o dia, para o poeta já anoitece.

Podemos perceber aí uma fuga do poeta dentro do bolso das manhãs, que costumam serem belas, mas o poeta já inicia o seu dia escurecido, pensando na velhice.

ENTRE VÍRGULAS… PONTO FINAL

Nascemos assim rascunhos!
Rimas a serem polidas…

Entre vírgulas…

Adiante:

Morremos pontuação…
– Sob estrofes (sem moral)
No rastro das reticências,
Tão-logo… Ponto final.

O autor desenha o texto. Compara-nos a poemas, somos rimas a serem polidas, mas limitados, entre vírgulas, até o ponto final. E após as reticências segue (tão-logo) o ponto final.

Comentários

Comentários