Delalves Costa, um poeta a afrontar a enfinge IV
Em CARROSSEL DE ÍNTIMOS MÓTEIS, citaremos os últimos versos:
Carrossel de íntimos motéis
– Mal reconhece o pouso! –
N’olhar que a (despe)ja.
Neste poema o autor usa os recursos concretistas, onde os elementos básicos da linguagem, no espaço gráfico, são organizados ótico-acusticamente; seria o uso do desenho da palavra, do uso do ideograma.
Começa com cortes em barras e desmembramento de palavras com parêntesis, como a que citamos: N’olhar que a despeja, que a despe, que a despe já.
Em (TÃO-SÓ), segundo poema:
Em consolo à velhice visto meus anos…
Às tímidas lembranças
Em luto à criança dispo meus passos
Aos íntimos tropeços.
Nas lágrimas não ouço meus olhos!…
(Tão-Só)
– anoiteço no bolso das manhãs.
O eu-poeta declara que para se consolar da velhice, veste seus anos, mas em luto à criança que já foi, despe seus passos aos íntimos tropeços. Não é mais criança, mas tenta se consolar da velhice.
Depressivo pela realidade de estar tão só e o tempo passando, nas lágrimas não ouve seus olhos, uma metáfora sinestésica; e no bolso das manhãs, mal começa nascer o dia, para o poeta já anoitece.
Podemos perceber aí uma fuga do poeta dentro do bolso das manhãs, que costumam serem belas, mas o poeta já inicia o seu dia escurecido, pensando na velhice.
ENTRE VÍRGULAS… PONTO FINAL
Nascemos assim rascunhos!
Rimas a serem polidas…
Entre vírgulas…
Adiante:
Morremos pontuação…
– Sob estrofes (sem moral)
No rastro das reticências,
Tão-logo… Ponto final.
O autor desenha o texto. Compara-nos a poemas, somos rimas a serem polidas, mas limitados, entre vírgulas, até o ponto final. E após as reticências segue (tão-logo) o ponto final.