Delalves Costa, um poeta a afrontar a enfinge V
Aplausos
O silêncio tinha rosto – (faltavam palavras!)
Questionei possibilidades.
Bordei perguntas de reposta rara.
Espalmei o mundo na Mão.
Fiz-me das fugas… labirinto
Das procuras… disfarce…
Fiz-me voluntário à semântica dos dias.
Fui procura na juventude das horas…
Fui espera na contramão do tempo…
Bravo! O amor discursou – (aplausos!)
O poema inicia com o rosto do silêncio, se silêncio, portanto sem palavras, sem respostas. O eu-poeta questiona as possibilidades, borda perguntas de respostas raras, espalma o mundo na Mão, faz-se labirinto ante as fugas, disfarce das procuras, voluntário à semântica dos dias, ou seja, voluntário às variações de significados que se apresentam através dos tempos. Mas na juventude das horas não descurou da procura, mesmo esperando na contramão do tempo, e enfim, o amor discursou: aplausos! Espalmei o mundo na Mão, com maiúscula!
N’O OLHAR DA ESFINGE
Vozes em suspiro à vida
Pousam (n’olhar da esfinge)
A espelharem-se
Na cicatriz das rugas.
Enigma:
– Nas algazarras do tempo,
O silêncio dos Anos!
O eu-poeta e a eterna preocupação de todos nós em prolongar o nosso tempo de vida, tão rápido. O que se ouve é a voz de todos, em suspiro à vida, pousados no olhar da esfinge, mas no espelho a imagem é das rugas. E o enigma: mesmo com o tempo em algazarra, os Anos passam…- em silêncio, como se fosse possível não chamar a atenção, como se fosse possível enganar o Tempo.