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Dia 2 de agosto

O impasse sobre o aumento do teto da dívida norte-americana persiste em Washington, ao mesmo tempo que o tal dia 2 de agosto, prazo final dado pelo secretário do Tesouro, Tim Geithner, se aproxima. Um assunto que deveria ser essencialmente econômico passou a ser tratado como disputa política sem fim entre republicanos e democratas.

O aumento do teto da dívida norte-americana tem desencadeado uma série de dúvidas sobre os fatores que estariam retardando o acordo. Com o tempo se esgotando e os desencontros da última semana, as partes parecem mais distantes do que nunca. Proposta antagônicas terão que se encontrar até a próxima terça-feira, e este foi o pedido do Presidente no seu pronunciamento. Todavia, esta tarefa não será fácil e talvez a emenda 14 da Constituição dos Estados Unidos possa ser engatilhada e disparada, sendo a última bala no tambor.

Se a maior economia do mundo, a mola propulsora do capitalismo, ficar “devedora”, será o começo do fim? Exageros à parte, a solução precisa ser pensada não somente na urgência do curto prazo mas em termos de encaminhar, ou não atrapalhar, a recuperação futura da economia do país. É bom frisar que a economia americana está debilitada e pode ter um longo período de crescimento econômico pífio, com altas taxas de desemprego. Porém, as eleições do próximo ano estão ganhando cada vez mais espaço na mídia e isto tem feito os republicanos, e também os democratas, esquecerem o lado técnico do problema e focarem somente no lado político. O fato concreto é que os gastos públicos começaram a subir no governo republicano de George W. Bush e mantiveram-se inalterados no governo democrata de Barack Obama, ou seja, ambos os partidos têm culpa no problema da dívida.

Por aqui, embora nosso índice também esteja sentindo os efeitos deste impasse, na quinta-feira operou em alta expressiva. O alento veio da Ata do Copom. O documento deu esperanças de que o ciclo de aumento de juros tenha chegado ao fim. O Banco Central informou que viu uma perspectiva melhor para a inflação. O texto, no entanto, também mostrou que ainda são relevantes os riscos sobre o descompasso entre oferta e demanda, apesar de que esses sinais “tendem a diminuir”. “O Copom entende que o cenário prospectivo para a inflação, desde sua última reunião, mostra sinais mais favoráveis”.

E o investidor? Este deverá esperar, já que os mercados também esperam pela terça-feira da próxima semana para ditar um rumo. De fato, o grande driver será a aprovação do aumento do teto da dívida norte-americana que, se obtiver sucesso, pode desencadear uma euforia nos mercados. O evento deverá dar o tom da semana, deixando os indicadores macroeconômicos em um papel secundário. Os holofotes estarão novamente voltados para o Tio Sam. Num ambiente de incertezas, a atitude normal do investidor é se desfazer de posições de maior risco, como é o caso da renda variável. Apesar de todo esse corolário negativo, ressaltamos que nossa opinião sobre a bolsa brasileira é que ela está barata e que oferece boas oportunidades de investimento para aqueles que buscam bons retornos no médio prazo.

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