Colunistas

Ditadores – Jorge Vignoli

Ditadores - Jorge Vignoli
Jorge Vignoli

Nesta semana Folha de São Paulo apresentou uma interessante reportagem, replicada pela Gazeta do Povo, a indagar o que pode acontecer a um ditador depois de ele deixar o poder. Para buscar compreender esse fato, havendo por base as tentativas de remover Nicolás Maduro do comando da Venezuela, é possível analisar o destino que tiveram outros líderes autoritários da América Latina nas ultimas décadas, diz o Jornal.

E a história, segundo a Folha, mostra que muitos ex-governantes da região foram anistiados ou exilados. No entanto, essas situações não impedem que, anos ou décadas depois, novos governos ou juízes decidam rever caso a caso e, com isso, mandá-los à prisão.

Mas a prisão tampouco representa o fim da linha, prossegue a matéria, pois basta lembrar que outro ditador venezuelano, Marcos Jimmenez, que foi preso nos EUA, cumpriu cinco anos de prisão e, libertado, mudou-se para a Espanha, onde viveu o resto dos seus dias.

Na hora em que o ditador se vê insustentável – segue a Folha – deixa o país e passa a viver no exterior, sempre naquele país em que tenha a certeza de que não será extraditado.

A Folha lembra Stroessner que foi acolhido no Brasil, e recebeu elogios de Bolsonaro, que o chamou de estadista.

Relembra também o haitiano Jean-Claude Duvalier, que teve seu exílio dourado com a burra cheia de dólares na Cot d’Azur. E Somoza que renunciou ao comando da Nicarágua e se exilou no Paraguai.

Não poderia faltar na longa galeria de ditadores lembrados pela Folha a abjeta figura de Pinochet, que depois de deixar o poder ascendeu como comandante do Exército chileno e, depois, senador vitalício.

O caminho impune do abominável ditador, só foi estancar em Londres, quando o governo inglês atendeu a um pedido de prisão da Espanha. Foi um episódio longo. Ali, o general pagou parte dos seus pegados, até voltar ao Chile, quando respondeu a um processo que, certamente, lhe levaria à cadeia, caso não morresse antes do julgamento final.

A Folha também fala nos ditadores como Fidel Castro, Fançois Duvalier e Getúlio Vargas que nenhuma punição sofreu.

Vale a pena ser ditador? Na subdesenvolvida América Latina, até que eles têm se dado bem. Não é à toa que, nesses tempos, tem ascendido ao poder projetos nanicos de ditadores ungidos por uma histeria a preocupar os “corações e mentes”, e a trazer consigo um ódio perverso, primitivo e inadmissível, a tremer o que ainda resta de democracia nesse combalido Continente.

Comentários

Comentários