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Do sidewinder ao zorrilho

Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira

Quando surge algo que se poderia considerar como novidade, algo que nos surpreende pela originalidade e eficiência, se perscrutarmos a fundo descobrimos que na Mãe Natureza já existia a milhares, milhões de anos.

Transgênicos? A evolução da vida não existiria sem eles e seus princípios que continuam imutáveis desde a primeira mutação da célula primeva. Nossos avoengos cruzavam animais para apurar a raça, foi mais um passo para chegarmos aos produtos de laboratório, os atuais e tão discutidos, mas eficientes resultados da transgenia.

Camuflagem? Os animais são especialistas imbatíveis.

Radar? Qual equipamento poderá se ombrear à performance do morcego (Noctilioleporinus)?

GPS: Aves migratórias nos são por demais conhecidas, a borboleta Monarca (Danausplexippus), porém, realiza a mais espetacular de todas: Anualmente este frágil inseto se desloca do Canadá ao México, desde tempos imemoriais.

Bote mortal, até no escuro? Serpentes utilizam sensor infravermelho para localizar e abater as presas com precisão absoluta. No final da década de 1.940 os EEUU criaram uma arma que, na época, lhes deu a supremacia absoluta nos combates aéreos: O AIM-9 Sidewinder, o míssil ar-ar apelidado cascavel que, após ser disparado perseguia o alvo por mais que ele tentasse se esquivar. O sensor infravermelho era implacável, certeiro e mortal como o bote da cascavel (crotalusdurissimusterrificus).

Inúmeros exemplos podem ser lembrados, referir-me-ei ao zorrilho (ictonysstriatus) com sua fétida e eficiente arma de defesa. Quando acossado, em último recurso ejeta um jato certeiro até 3 metros de distância que afugenta seu infeliz agressor. À base de mercaptana, possui odor tão nauseabundo que se torna insuportável num raio de espaço amplo. Quem for atingido jamais esquecerá, nem os circundantes. Lembro o fato sempre que me deparo com invasões de prédios, bloqueio de vias públicas e vandalismos.

Que armas, não letais, dispõem as autoridades para enfrentar “movimentos sociais” de protesto, de desafio à ordem pública e aos cidadãos pacatos cumpridores de seus deveres e que não se imiscuem nessas manifestações absolutamente ilegítimas, ilegais e irresponsáveis? Jatos d’água, balas de borracha, spray de pimenta, cassetetes e gás lacrimogênio. Pouco eficientes e, frequentemente, causadores de lesões e ou danos patrimoniais. Suponham, apenas suponham, que em vez deles, usassem sprays, bombas de gás ou jatos “temperados” com mercaptanas… Ao ar livre até drones poderiam ser empregados e nas invasões, em vez de gás lacrimogênio, bombas de gás fétido. Asseguro, quem fosse “premiado”, jamais desejaria repetir a experiência. Prédios invadidos não requereriam reintegração de posse, a saída seria espontânea e imediata.

Mercaptanas são compostos orgânicos de forma geral R-SH, onde R é um radical orgânico, S um átomo de enxofre e H um de hidrogênio. São utilizadas como marcadores odoríferos (gás liquefeito de petróleo, em baixa concentração), entre outras finalidades. São percebidas a partir de 10 partes por bilhão.Ao contrário do gás lacrimogênio, bombas de efeito moral e gás de pimenta, que não tem efeito significativo, as mercaptanas podem se constituir em armas não letais de eficiência absoluta. Podem ser usadas em forma de gás, spray ou aspersão. Apenas em altas concentrações são letais, porém seus efeitos são sobejamente conhecidos mesmo em dosagem segura. Cabelos atingidos precisam ser raspados e roupas descartadas.

A ideia repugna? Não mais que nossa revolta ante a inércia das autoridades.

Aos que se oporão questiono:

-“Se forem suas propriedades as depredadas, continuarão a classificar como direito inalienável de protesto os vandalismos?

Zorrilho

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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