Dólar, Euro e Real

As três moedas encontraram-se para um happy hour. O Euro, abatido, pediu um uísque, o Dólar, assustado, um “refri”, e o Real, tranquilo, uma caipirinha.

– O que houve Euro? – pergunta o Dólar, mesmo já sabendo a resposta.

– Tantas coisas. Esta crise me enfraqueceu.

– Sei como é, já vivi isso! – disse o Dólar.

Os dois olharam para o Real, tranquilo, bebendo sua caipirinha. O Dólar soltou:

– Não pense que sempre será esta maravilha, viu?

O Real sorriu:

– Cara, você sabe bem que a taxa de juros real do Brasil é uma das mais altas do mundo e isso, por si só, sempre foi um grande atrativo para o capital estrangeiro.
 
– Ah, tá! – exclamou o Euro – Mas vocês andaram baixando a taxa na última Reunião do Copom.

– Sim, também é necessário para acelerar o consumo e alavancar nossa economia – explicou o Real.

– É, mas isso uma hora tem um fim e… – o Dólar já ia agourando quando foi interrompido pelo Real.

– Nós temos gordura, Dólar! Nossa taxa ainda está nos 11%, ao contrário da sua que está em 0% – simplificou o Real, mexendo o gelo de sua caipirinha.

– Mas, Real, você não acha que logo vai respingar algo da Europa no teu país? – perguntou o Euro.

– Claro que vai! Claro que vai! – agourou mais ainda o Dólar.

– Meninos, óbvio que vai. Mas estamos mais preparados do que nunca. Se em crises passadas nós fomos afogados como em um tsunami, desta vez criamos represas mais altas e o que vai sobrar devem ser algumas marolas. E tem mais. Estão sabendo da comissão da UE que está vindo ao Brasil pedir recursos para ajudar a salvar a Europa? Pois é, desde 1500 que lidamos com europeus vindo para o Brasil roubar nossos recursos, mas dessa vez não será roubo. Dessa vez, vamos emprestar e receber de volta, com juros!

E continuou:

– Desculpe, Euro, não quero ser arrogante. Os momentos são difíceis e eu como um emergente preciso ajudar meus amigos ricos. Ah, e pra mostrar que não escondo o jogo, esta semana anunciamos uma série de medidas.

Neste momento, Euro e Dólar tiraram um caderninho dos bolsos.

– Que isso? – perguntou o Real.

– Quero anotar tudo! – falou, humildemente, o Dólar.

– Eu pretendo mostrar para a Lagarde, a Merkel e o Sarkozy. – argumentou o Euro.

– Bom, pra não deixar a crise internacional esfriar ainda mais a economia brasileira, o governo anunciou uma série de medidas para estimular investimentos e consumo.

Elas envolvem tanto desonerações fiscais no setor produtivo, como produtos da linha branca, quanto o mercado financeiro. Entre as ações tomadas, estão a redução de 2% para zero da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de investimentos estrangeiros em ações na bolsa, além de cortar de 3,0% para 2,5% a alíquota do IOF que incide sobre o crédito a pessoas físicas. O governo também está estimulando o setor produtivo com reduções das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Na linha branca, para os fogões, elas cairão de 4% para 0%, enquanto que para os refrigeradores e congeladores, de 15% para 5%. Sendo sincero, não é nenhuma revolução e, mesmo com tamanhas medidas, acho difícil chegarmos a um crescimento superior a 4,0% a.a.. Mas estamos nos mexendo.

– Interessante – suspirou o Dólar.

– Também achei interessante, mas sejamos sinceros, se está tudo bem, por que a Bolsa de vocês não acompanha? – perguntou o Euro.

O Real, já se levantando, explicou:

– A Bolsa, bem, ela é complicada sim. Tem seus dias. Mas o público com o qual ela lida está mais cauteloso. Normal, é sempre assim em época de crises lá fora. Falei com ela sobre isso ontem. Ela me disse que tem ações baratas para comprar. O problema é que o investidor está assustado. Mas a Bolsa brasileira está confiante que 2012 será diferente.

Euro e Dólar se olharam, e o Real completou:

– Anotem: Bolsa brasileira mais forte do que nunca em 2012!

Euro e Dólar anotaram em seus caderninhos…

Tito Gusmão e Yordanna Colombo

Área de Análise XP

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