E, assim mesmo, na contramão da História
Livro e Literatura, ao que se pôde depreender das marolas anunciadas para o presente quatriênio, foram, juntamente com a Feira do Livro, defenestrados – ou, se preferirem –, afogados nas ondas do Oceano, para dar lugar(?) às lonas de festas circenses e, ao que nos é levado a crer, sem direito à “reintegração de posse” de data e local.
Por demais oportuno o texto de meu Mestre, o escritor e Secretário de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, Luiz Antonio de Assis Brasil, que abaixo transcrevo:
“Sempre perguntam, do “centro” do país, qual é o fenômeno que ocorre no Rio Grande do Sul, que conta com tantos bons escritores e escritoras e, ainda, por que nosso mercado editorial é tão pujante; e mais: como temos tantos leitores? A resposta habitual e verdadeira é: não há fenômeno. Há, sim, uma tradição cultural que sustenta esse quadro favorável, o qual começa já no início do século 19 com uma poetisa de São José do Norte e que chega ao século 21 com um conjunto de jovens escritores que foram contemplados pela prestigiada revista britânica Granta. Dentre os 20 brasileiros selecionados como os mais significativos, seis são do Rio Grande do Sul. Nada mal.
Certo é, também, que possuímos uma rede pública e particular de ensino que faz circular nossa literatura; temos universidades; temos uma operosa Câmara Rio-Grandense do Livro; temos um órgão como o IEL, com décadas de existência e projetos como o Autor Presente, o plano de edições, a revista VOX, o prêmio Moacyr Scliar e tantas outras ações conhecidas pelos gaúchos.
Justo na data de hoje _ Dia Mundial do Livro _, é posta em consulta pública, no site da Sedac, uma proposta de redação do Plano Estadual do Livro, Leitura e Literatura, que irá, pela primeira vez no Rio Grande, estabelecer uma política clara do setor para os próximos 10 anos. Colaboraram generosamente para a realização desse texto-base o Colegiado Setorial do Livro, Leitura e Literatura, composto por instituições culturais e educacionais, inclusive corporativas.
O plano decenal poderá prever, por exemplo, a proposta da construção de uma nova biblioteca pública. Planejar a área da cultura não é costumeiro. Faz pouco que o Brasil despertou para a necessidade de pensar a longo prazo o que deseja para sua infraestrutura cultural, para o financiamento e para a ampliação do acesso a bens e serviços culturais. Foi assim com o Plano Nacional de Cultura, com o Plano Nacional de Livro e Leitura e está sendo com o Plano Estadual de Cultura e o Plano Estadual de Livro, Leitura e Literatura, que é entregue à comunidade gaúcha para seu aperfeiçoamento.
Sabemos como um texto construído a tantas mãos será objeto de avaliações conflitantes, mas temos de ter a coragem de dar esse passo. São convidados a oferecer suas sugestões todos os que se interessam por essa díade inseparável: leitura e livro. E a consulta pública é o melhor foro para isso”.
Quem “dirige” na contramão não é passivo de multa?