Ele está perdendo a majestade
A edição da revista Isto É, de 21/03/2009 (apenas para demonstrar que a face obscura da política nacional é semelhante a um iceberg: de proporções que foge à imaginação do comum dos mortais) traz mais uma bombástica reportagem. Sob o título de “A Fonte Ilegal de Padilha”, a revista, baseada em inquérito que corre em segredo de justiça no Supremo Tribunal Federal (STF), levanta a suspeição do envolvimento do deputado federal Eliseu Padilha em crimes de tráfico de influência e fraudes em licitação, através da divulgação de escuta telefônica em que Padilha e o empresário Marco Antonio Camino, proprietário da MAC Engenharia, combinam, em linguagem cifrada, o depósito de cem mil reais na conta do deputado.
Eliseu Padilha defende-se, alegando que aquele valor é fruto da venda a Camino de um imóvel em Tramandaí. Segundo a revista Isto É, pesa, ainda, contra o deputado Padilha o fato de que, na investigação da Operação Solidária, a Polícia Federal constatou que as conversas deste com o empresário Marco Antonio Camino são sempre cifradas. Em um dos exemplos citados, Camino diz: “aquele assunto que nós tratamos na terça-feira vai ser vai ser viabilizado 100, ta?”.
Se os políticos que se dizem mal interpretados nas escutas telefônicas autorizadas pela Justiça não fizessem uso de linguagem cifrada nas suas conversas por telefone, estariam livres e imunes a qualquer ilação. Se flagrados em suas conferências telefônicas valendo-se de códigos, dizem que as frases estão fora do contexto.
Independentemente do que vier a ser efetivamente apurado e provado ou não contra Eliseu Padilha, neste e noutros fatos que envolvam o deputado e que se encontrem sob o manto dos organismos de investigação, o fato é que surge aos olhos dos mais desatentos a figura multifacetada do político: além das funções de deputado federal, Padilha ainda navega pelos mais diversos ramos de atuação: é proprietário da Fonte Consultoria Empresarial, no ramo de negócios imobiliários, além de empreendimentos também na área de imóveis em Nova Tramandaí. Indagado sobre a disponibilidade para tais lides, ele garante que concilia essas atividades com as inerentes às funções de deputado. Ah, então, tá!
Padilha lançou-se no cenário da política estadual e, mais tarde, em nível federal, tendo como base eleitoral todos os municípios do Litoral Norte. O Ministério dos Transportes, no Governo Fernando Henrique Cardoso, foi-lhe, sem dúvida alguma, a efetivação do seu fortalecimento político e a alavanca para novos vôos. Não obstante, se analisarmos o resultado dos votos conquistados nos últimos pleitos neste mesmo Litoral Norte constata-se significativa redução, o que lhe permitiria, quando muito, a conquista de uma cadeira na assembléia legislativa. E tal presságio somente o tempo dirá.
Ou não!