Eleições 2010
O último domingo (03/10) foi um dia de festa para o Brasil. Festa porque é a maior democracia do mundo.
Não há país com tamanha importância no cenário mundial que eleja diretamente pelo voto seus representantes e governantes – mesmo que os mesmos nem sempre (na maioria das vezes) cumpram sua obrigação como tal.
Salvo a questão da proporcionalidade que elegeu candidatos com 30 mil votos e deixou de fora, por exemplo, a gaúcha Luciana Genro (PSol – RS) com 130 mil votos, o sistema eleitoral é, de forma geral, claro e justo. A proporcionalidade é uma injustiça tanto para quem vota como para quem é votado. A eleição no país é um exemplo de transparência invejada por muitos países de primeiro mundo, entre eles os EUA. O país merece realmente comemorar.
Alguns eleitos surpreenderam. Danrlei (PTB – RS) foi um deles, 173 mil votos, deixou muito político matreiro para trás. Contou com sua identidade com o Grêmio certamente. Elegeram também Romário (PSB – RJ). O mesmo que não gostava de participar de coletivos enquanto jogador futebol irá participar das sessões e coletivas na Assembleia? Como sempre o brasileiro não age com a razão.
Outra surpresa foi a votação da Deputada Federal Manuela D'Ávila (PC do B – RS). Quase 500 mil votos, mais que o dobro da votação para o mandato anterior, a quarta maior votação do país. Novamente o brasileiro parece não ter agido com a cabeça. Notadamente quase uma unanimidade o destaque da comunista recai não sobre sua capacidade na política, mas sobre seus dotes femininos. Já há especulações de que concorreria a prefeitura de Porto Alegre, em 2012, como cabeça de chapa, em lugar do PT. Tem apenas 29 anos. É o Brasil “sui generis”.
Uma votação que ninguém esperava, nem o mais otimista ativista ambiental, foi a votação da candidata Marina Silva (PV). Surpreendentes 20% que levaram as eleições à presidência para um segundo turno. O nível da balança está nas mãos do Partido Verde. Quem diria? O PV de Gabeira com a balança da eleição presidencial em suas mãos. A parte o discurso de esquerda da ex-petista, ela merece o respeito de todos. Nascida pobre, não se deixou vencer pelas dificuldades, estudou e chegou lá. Bem diferente de alguns que preferiram se escorar no partido a frequentar salas de aula…
Mas a maior surpresa, para espanto geral da nação, foram os mais de 1 milhão de votos para Tiririca (PR-SP). Incrível! Mais incrível é que para poder tomar posse do cargo ele agora terá que provar que sabe ler e escrever. Parece piada, mas não é, é o Brasil “sui generis”.
O mesmo Brasil foi capaz de eleger um homem que, do alto de sua sabedoria, quase um intelectual, como diria um colunista afamado da nossa capital, fala “inducação” e “culégio” e torce para o “Curintiã”. Que empresário sério, respeitado e de sucesso, contrataria essa personalidade, para administrar sua empresa? Seria barrado na porta. Quem é que hoje emprega uma pessoa sem estudo e diploma? Para qualquer concurso público se exige Ensino Médio, e já se estuda proposta de se exigir o Ensino Superior, por que o mesmo não é exigido de políticos, principalmente para o cargo máximo do país?
Meus caros, nós fomos capazes de eleger alguém semianalfabeto, não dá para criticar o Tiririca! E não dá para engolir que o proletário foi “formado na escola da vida”. Aí a máxima valeria para o pobre do Tiririca e para tantos outros que ousaram ridicularizar a política brasileira.
Quem acha piada a eleição do comediante deveria achar o mesmo de alguém que ficou anos tentando se eleger e não foi capaz de se qualificar para tal.
Enfim, no geral, se confirmou o que já se sabia. O populismo do presidente, e suas mais de 12 milhões de famílias com algum tipo de bolsa, se manifestou no norte e nordeste do país, ficou no voto a voto no centro-oeste e perdeu no sul. Uma prova de que o governo nos últimos anos se alicerçou no voto da classe mais pobre do país. Criou o assistencialismo descomprometido com qualquer real interesse em sanar as dificuldades do país. Não há nenhum projeto que vise por limite à Bolsa Família após um período de auxílio básico que realmente se faz necessário e é importante em certas regiões do país.
O Brasil avançou mais do que qualquer outro país no seu sistema eleitoral. Criou mecanismos teoricamente seguros – rezo para que sim, já vão longe os tempos da República Velha. Avançou no campo econômico também, é inegável, mas ainda falta eliminar a corrupção e o “jeitinho” brasileiro de ser, do povo e do político. Não se enganem, o segundo é apenas o reflexo do primeiro.