Educação

Entidades reclamam da falta de profissionais de Educação Física nas escolas do RS

O Conselho Regional de Educação Física do Rio Grande do Sul entregou nesta segunda-feira (29) ao presidente da Comissão Especial para tratar da Prática Desportiva nas Escolas da Rede Pública Estadual de Ensino, deputado Cassiá Carpes (PTB), minuta de um projeto de lei obrigando as escolas a dedicarem, no mínimo, três horas semanais para a atividade. “Educação física deveria ter todos os dia, mas hoje estamos brigando por, pelo menos, três horas por semana”, disse a presidente do Conselho, Jeane Caselatto.

 

O documento foi entregue na primeira audiência pública da comissão, que tem o prazo de 120 dias, desde sua instalação, para apresentar um diagnóstico e apontar alternativas para combater o avanço do crack entre os jovens. “O jovem que pratica esporte tem mais oportunidade que os demais em condições adversas”, alerta Cassiá, ao afirmar que o incentivo é salutar não só para o aluno, mas também para a escola e a própria sociedade.

 

O parlamentar não descarta, ainda, a possibilidade de apresentar uma emenda ao Orçamento do Estado para 2010 que viabilize novos espaços e material esportivo às escolas. Desde que foi instalada, a comissão já realizou visitas técnicas a instituições de ensino de Santa Maria e Santana do Livramento. Outras duas audiências públicas já têm datas confirmadas: uma no dia 6 de julho, em Capão da Canoa, e outra no dia 13, em Caxias do Sul.

 

Esporte não é garantia de combate às drogas
“O esporte não irá afastar os jovens das drogas e da violência se eles não forem bem orientados”, disse Jeane Caselatto, ao destacar que muitas vezes pode acontecer o contrário: “Quem não tem formação pode encaminhar crianças e adolescentes para as drogas”.

 

Jeane citou uma pesquisa revelando que alunos de 1ª a 4ª séries que praticam esporte, orientados por um profissional de Educação Física, têm mais disciplina que uma criança acompanhada somente por uma professora unidocente. Esta é uma das maiores lutas do Conselho. No entanto, o Rio Grande do Sul é um dos poucos estados que não obriga este acompanhamento.

 

A presidente defendeu, ainda, a necessidade de integrar recursos públicos e privados para otimizar a criação, a ampliação e a manutenção de espaços específicos à prática desportiva.
 
Representando a Secretaria Estadual de Educação, o professor Carlos Pinheiro disse que o projeto Jogos Escolares do Rio Grande do Sul, criado em 2003, já envolveu 470 municípios e 2,3 mil escolas públicas. Somente neste último governo foram investidos mais de R$ 23 milhões na recuperação de quadras desportivas, manutenção e construção de ginásios. “Esta é uma política pública enraizada no Estado que não precisa de lei e, felizmente, com toda as dificuldades, os professores conseguem realizar atividades complementares com seus alunos”, destacou Pinheiro.

 

Por outro lado, o 2º vice-presidente do Conselho Estadual de Educação, Ruben Werner Goldmeyer, não admite a separação entre aula de Educação Física e prática desportiva. Na opinião dele, os atuais projetos de educação integral desconsideram o esporte.

 

Goldmeyer lamentou que, apesar dos municípios gaúchos priorizarem a atividade, o RS está fora dos jogos escolares brasileiros. “Se não participamos dos jogos com os demais estados, então há problemas. Quem bom se nós, professores, conseguíssemos ‘viciar’ os jovens ao ambiente escolar através da prática de esportes que eles mais apreciam”, considerou.

 

Fátima Geiss Carné, da Fundação de Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul (Fundergs), fez um desabafo. “A Fundação está fazendo sua parte, que é criar espaços esportivos, mas não dispomos de profissionais”, revelou. Ela espera que o Executivo encaminhe à Assembleia Legislativa projeto criando o quadro de pessoal necessário à Fundergs.

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