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Esperança é a última que morre

Experimente tirar a esperança de uma ser humano ou frustrar suas expectativas – com certeza você verá ele desfalecendo! Numa conversa de bar com um amigo, chegamos a essa conclusão, ou seja, o ser humano é movido por esperança e pelas expectativas que nutre a respeito das mais diversas áreas da vida.

Muitas vezes, compramos uma roupa bonita na expectativa de que os outros nos notem mais; fazemos uma pós graduação com a expectativa de alcançar uma melhor colocação no mercado; fazemos algo bom para alguém, com a expectativa e poder contar com a ajuda desse alguem futuramente, é um pouco daquela lei de Gérson. Além disso, muitas vezes trabalhamos na esperança de termos férias; temos a esperança de que nosso time se reabilitará e isso nos leva aos estádios; esperamos encontrar o amor da nossa vida, ou ao menos de uma noite, quando saímos com os amigos; enfim muitas são as esperanças e expectativas.

Esse conceito parece ganhar ainda mais espaço nos agnósticos dias de hoje. Se na era feudal temíamos o enxofre e as chamas do calabouço eterno chamado inferno, hoje, o homem pós-renascentista, pós-iluminista e denominado contemporâneo,  parece não ter maiores motivos para ter fé, ou colocar sua esperança num ser supremo e salvador, ao menos não no mundo ocidental. Por isso as estantes das livrarias ficam abarrotadas de livros de auto-ajuda, na tentativa de levar o homem achar em si mesmo aquilo que mais necessita, a esperança. 

Na economia existem algumas correntes de pensamento que adotam como premissas padrões de expectativas racionais, expectativas adaptativas as quais a partir de modelos matemáticos tentam definir padrões de atitudes. Dentro do mercado financeiro, especialmente o de renda variável, pode até parecer um tanto quanto clichê falar em expectativas, em especial de investimentos de risco. Mas de fato as expectativas assumem um papel central, é a Diva que flerta com os diversos agentes do mercado, ora abençoando-os ora maltratando-os e ensinando certas lições.

Bom as expectativas para o mês de setembro parecem favoráveis e a bolsa refletiu isso essa semana encerrando com alta em torno de 2%.

Entre os motivos dessa alta podemos ressaltar alguns indicadores positivos. Nos EUA, tivemos o instituto Conference Board, revelando que os americanos estão um pouco mais confiantes em sua economia e isso é muito importante uma vez que 70% do PIB Americano é vinculado ao consumo. Além disso, o dado mais aguardado pelo mercado o Payroll Americano (corte/criação de vagas do mercado de trabalho) trouxe números melhores do que o esperado, mostrando criação de empregos no setor privado do país.

A China também anunciou que a sua atividade industrial voltou a crescer, depois de meses consecutivos de declínio, aliviando as preocupações sobre uma desaceleração da economia do país.

No Brasil tivemos a definição da taxa de juros, sem modificações que acabou indo contra a expectative daqueles que esperavam mais uma elevação; e tivemos o anúncio do PIB do 2T10 com crescimento de 1,2% sobre o 1T10 e de fantásticos 8,8% no acumulado do ano. Tivemos ainda a Petrobras resolvendo finalmente seu processo de capitalização que pretende viabilizar a exploração do gigantesco pré-sal.

Com dados positivos vindos de fora, com a Europa saindo um pouco de cena e nossa economia no prumo certo, renovamos nossa esperança em nossa bolsa e com a expectativa de termos um mês no azul!

William Castro Alves, Analista da XP Investimentos

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